Lógikapostolica

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Por que nós lutamos. Um milagre na vida de um garoto.




VALE A PENA VIVER;

                Tudo começou do amor. O amor mesmo fora feito com amor. Para que a vida exista também cheia de amor, ele requer toda a essência de sua natureza. A vida surgiu do amor, e o amor não é sem a mesma vida. Nada do que há neste planeta foi feito do que é aparente, mas perduram as virtudes do amor, sem ele nada se teria feito. Vida e amor, irmãos gêmeos inseparáveis. Um vive pelo outro, ainda que não seja notada esta união.
                Tudo que se move sobre a terra, que tenha vida, é feito do amor, com amor e para o amor. Só os ignorantes querem separar a vida do amor!  Mas em tudo que olhamos, sentimos e apalpamos vemos os frutos do amor verdadeiro. Tudo é bom e indispensável para o ser humano, contempla-se a vida e o amor juntos, unidos num mesmo objetivo; fazer mover-se o universo misterioso e cheio de surpresas boas e ruins!
                Será que vale a pena viver? Não seria melhor morrer de uma vez, a ter que suportar as maldades de alguns humanos? Se em tudo há vida ligada ao amor e eu... Eu que... Bem, não vejo e nem percebo amor algum! Amor para com minha pessoa? Será que sou diferente entre os humanos? O amor me foi roubado violentamente!... Levaram-me o guia de minha vida, o amor. Vale a pena ainda viver qual um cachorro rabugento abandonado à própria sorte coroada de morte? Terei algum prazer ainda por esta vida pálida e sem sabor que me resta? A vida não me tem mais sentido... Vivo qual pluma lançada aos ventos.
                Meu Deus! Quantas pessoas não pensam assim agora? Pessoas que trazem as marcas profundas na alma! Marcas que são quais cortes doloridos no infeliz coração! Quantos sofrimentos! Quanta angústia, desalentos, abandonos, traições e injustiças! Até parece mentira, o que digo agora!  Porém, não há mais doído que a gente amar e ser incompreendido, chutado pela pessoa que fizemos tudo por ela!... É como se o mundo todo nos abandonasse e tudo se tornasse em nosso inimigo do dia a dia. Quanta dor!... Quanto sofrimento, viver amando sem ter o amor correspondido! Amar e não ser amado é como andar no deserto com o sol ao meio dia buscando chegar até a miragem de um poço de água... Nunca alcançará água de verdade, pois não passa de uma falsa visão, é só a miragem! Assim mesmo é amar a pessoa errada achando que se terá sucesso! É um suicídio.
                A vida não existe sem o amor! A vida nada é sem os carinhos e o calor de quem queremos bem. Só que depois que o amor virar náuseas e ódio não dá mais para suportar a presença da pessoa questionada! Mesmo sofrendo, mesmo como uma pessoa sem as duas mãos, com a falta de amor, a vida ainda prossegue capenga. Sem sentido, mas com muito sacrifício, podemos levantar a cabeça e caminhar a própria lamentação!
                A vida é como uma arvore que ao ser cortada criminosamente, com, muito custo e capricho da natureza, ainda consegue brotar os seus galhos que são a essência das forças do amor a ressurgirem. Ainda com uma esperança de um dia tornar a ser como deseja o supremo Criador, o amor que foi cortado da vida, torna a brotar. O que não se pode arrancar é o tronco de uma arvore! Assim ela se sucumbirá! Mas aos galhos ainda restará uma força vital que os fará voltar à vida neste mundo. Também a vida não pode ser cortada, pois desapareceria deste universo. Mas o amor ao ser levado pelo vendaval da falsidade, traição e engano um dia há de brotar, só que tão pequeno que será difícil ser notado. Ficará invisível, imperceptível pelas pessoas das cercanias.
                Portanto, no mundo dos excluídos do prazer de amar e ser amado, a vida é tão dolorida e cheia de tédio! O quanto é difícil conseguir sobreviver, ainda mais depois de uma tragédia entre a vida da gente e a de quem amava, e que em troca só nos dava o descaso e o desgosto de ver o nosso amor jogado por terra!...
                Amigo e amiga; como é triste cair de onde caí! Como dói, amar e não ser amado! Querer o bem e em troca só receber a rejeição!
                Este mundo nos traz tantas surpresas, que nem imaginamos! Tantos tropeços nos são lançados, que nunca pensamos que existissem! Coisas absurdas surgem de entre as criaturas, que nos colocam em um mundo de suspense.
                Eu, como muitas outras criaturas, que vivi fazendo tudo para ser compreendido, fui só ludibriado na vida! Sinto isso em minha vida e posso dizer com segurança o que tantas outras pessoas também passam e nem sempre conseguem revelar ao mundo humano.
                Depois de tanto lutar, desde muito tempo, tempo de criança, consegui entender o que era viver! Cheguei a mim mesmo e disse: “Agora sou feliz! Consegui ter minha vida completa! Agora posso desfrutar do direito que a vida me reservou, amar alguém e te-la só para mim”! Isso era o que mais sonhei, desde adolescente...
                Os dias se passavam. Sonhando acordado? Mas tudo estava comigo agora! A vida me era grata? O amor era verdadeiro... Assim acreditei por muitos e muitos anos. E minha vida e amor, juntos produziram dois raminhos graciosos... Minha alegria parecia completar-se!... Por conseguinte, como os poetas lêem nos olhos das pessoas o sentimento que vai às suas almas, um frio começou a subir-me a espinha! Como a noite de luar, que é sempre uma beleza de maravilha, comesse a sofrer interferências de nuvens negras e espantosas. Assim o brilho de meu viver, antes coroado de glórias, começa a se apagar criticamente!
                Assim como o marinheiro em seu barco, já tão estragado pelo tempo e num de repente feroz tubarão se aproxima com fome voraz, e, tentando salvar a própria pele busca forças para fugir, ainda luta contra as fortes marés e ventos rodopiantes... O mar e o céu, que outrora estavam coroados pelo luar e estrelas fulgurantes, depois de haver se levantado densas nuvens negras trazidas por ventos arrojantes, se enegreceram e virou-se contra a vida, toda dolorida e maltratada, do desditoso marujo. Pobre marinheiro! Que horror!
                Sou o marinheiro infeliz que se vê agora. Sem os meus indispensáveis instrumentos para sair desta tenebrosa tempestade... Luto desesperado contra o próprio tempo e vida sem lograr nenhum êxito! Sinto o meu coração desamparado e angustiado se debater dentro do peito qual um prisioneiro do destino inesperado no corredor da morte! Lutas, intrigas, batalhas, emboscadas e traições contra a natureza?
                A natureza, ela própria, nos ensina a amar. Ela nos traz o prazer de formarmos um mundo, pequeno, belo e maravilhoso, dentro de uma casa, o lar formado por um casal unido, que se torna o céu entre os homens nesta terra. Esta alegria, a vida nos dá, é para ser compartilhada entre duas pessoas de sexos opostos, diferentes, e a natureza as faz uma só criatura ligada e/ou unidas pelas virtudes do eterno amor.
                Que maravilha! Quanta felicidade! Quanta alegria! O dia chegou e, vou me casar, serei feliz para sempre! Irei ter um reino só meu! Um mundo, todo ornado de perolas, só para nós dois... Uma vida a dois cheia de amor, carinhos, felicidades, ternuras e regada de harmonia eterna? Assim eu sonhei; você sonhou e tantas outras pessoas também viveram e passaram por tudo isso e muito mais... O céu desceu do alto até nossas vidas! Agora é só amor, felicidades e um mar infinito de alegria! É só vida e amor?... Momentos eternamente coroados de glórias... Assim pensávamos ignorando o que estava por vir sobre as nossas cabeças frágeis e despreparadas.
                As aparências nos enganam. E como nos enganam! Pois nem tudo que cheira é flor e que brilha é ouro. Nem toda a jura de amor é feita de coração contrito. Assim como nem tudo que se move possui alma. Nem todo o amor é sincero, mas interesseiro e mercenário. D’uma coisa temos certeza; “a vida ainda continua além de tudo”. Queiramos ou não, somente um “ser” pode julgar-nos de nossos atos com justiça, e mais ninguém.
                Quantas vezes temos que perdoar os nossos opressores? Quanto perdão pode-se dispensar aquém nos engana? Ou será que somos obrigados a perdoar, perdoar e sempre perdoando sem que haja recompensas pelo amor de nosso infeliz coração, o mais bombardeado nesta história toda?
                Há quem erre uma só vez e, com lágrimas nas faces, nos roga o perdão para nunca mais voltar a nos trair na mesma índole! No entanto, existem tantas pessoas falsas, fingidas e mentirosas nesta fatia!... Chega a pedir o nosso perdão com tamanha falsidade e convicta, só por comodidade e para depois de algum tempo nos enganar. Como se diz; “eu me finjo sempre para conseguir o ancoradouro deste trouxa”! Daí continuar a nos enganar sempre na mesma pestilência, talvez até muitas vezes pior que antes!
                Perdão, para traidores, se dá uma só vez! Com isso não estou dizendo que devemos perdoar por apenas uma única vez da vida de alguém em seus erros cometidos. Não! Longe disso. Porém, quando se há humildade e sinceridade, quem nos pede o perdão por uma avaria moral e ética conjugal e mesmo noutras partes da vida social, volta nunca e jamais a pedir clemência pela mesma falta cometida, traição, engano e enfim...
                Meu Deus! Será que vale a pena viver ainda? E neste mundo, onde só existem mentiras e mais mentiras descaradas? Com lágrimas nos olhos e... Ainda tendo que suportar as calúnias? Paro e penso!... Quem sabe exista uma solução por vir! Ah!... Ah! Se todos fossem verdadeiros em todo o viver! Inclusive entre casais, a vida fosse feita de perfeita união, carinho e amor, vivendo sem a falta de vergonha e de caráter, sem a traição e o fingimento! Seria tão maravilhoso!
                Portanto, me ponho a refletir:
“Porque perdoar sempre, se não sou visto como ser humano idêntico e que tem sentimentos”? “Porque ter que fingir-se surdo, e ouvir todos dizendo que sou enganado”... Sim, sou um traído no amor? Porque amar, se não sou amado? Porque querer ajudar, se sou rejeitado? Não adianta querer se fazer feliz, se a pessoa procura a divisão vagando às surdinhas por entre os prazeres momentâneos deste mundo enganador e traiçoeiro?
                Mesmo assim, a vida ainda continua?... Em meio a tudo isso e muito mais, ainda tem que marchar adiante. Se quisermos levar o amor conosco, ele está terrivelmente ferido de morte! Se o procuramos entre as adversidades desta vida, no seu lugar não mais podemos achar! Roubaram a nossa felicidade? E para onde a levaram?
                Digo tudo isso, como num desabafo da alma... Sinto uma vontade profunda de dizer o quanto minha alma tem para expor a este mundo de incrédulos e pagãos, no exalar de tristes palavras de revelações em formas de profundas lamentações!...
                Vivi como um pássaro na prisão. Quando pensei ser feliz, bateu em minha porta a infelicidade... Quando achei ter o gozo da liberdade, fui encarcerado pelo engano, rejeição e desprezo! Mas como a alma do poeta sabe e pode compreender tudo sobre uma paixão pela vida, assim eu vim deixar que ela, a alma, se expressasse do seu próprio jeito de ser e agir. Quis minha alma mostrar e revelar, como a vida, muito embora tendo que suportar calunias, traições, incompreensões, injustiças, mentiras e abandonos, ainda continua.
                Vale a pena viver? Vale a pena ficar para a vida, pois como a flor que brota o amor um dia há de voltar, um novo, puro e verdadeiro que ressurge. Como o sol que ressurge a cada manhã lá no infinito horizonte! Como o amanhecer primaveril! Assim como a primavera, que só inspira amor e carinho... Como o dia que nasce trazendo grandes esperanças.
                Assim, alimento uma grande força de vontade, em meu ser uma minúscula raiz de esperança permanece viva. E que sempre no amanhecer de cada dia vai ganhando forças e se renovando qual o cepo de uma arvore cortada na sua regeneração fragilizada pelos golpes que a arrebatou de sua magnitude e tenra vida. Ainda que sofrendo... Ainda que chorando a dor passada, a vida segue a resistir, não permitindo a vitória das forças covardes e inimigas destas virtudes preciosas.
                Por conseguinte, trago comigo um pensamento: De quê adianta chorar por quem já nos esqueceu para sempre? De quê adianta viver sempre recordando o que já se foi para de nossas vidas? Mas, de quê adianta se calar se a vida não se acaba com os ataques da covarde decepção? Temos que continuar e apreciarmos o prazer que a vida nos traz em seio! Às vezes nem sempre tudo pode nos ser favorável! Na vida temos que nos calar, ou falar, reclamar, gritar, chorar, amar, esperar, suportar, gemer, reagir, lutar, sofrer, viver, morrer, mendigar, deleitar, se esbravejar e... Quem sabe, até ser crucificado, imolado... Por que quem ama sempre sofre por amor.
                Quem ama, ama com o coração! Não faz diferença se é ou não correspondido. Quem tem o coração bondoso, está sempre pronto a viver e fazer viver aquém quer bem viver. E é amando que se vive e dá vida.
                Eu que amei e não fui amado! Eu que respeitei e não fui respeitado!
 Mesmo assim “me sinto orgulhoso por isto”. Eu que tenho um coração cheio de bondade, aqui estou vivendo minha vida, às vezes tão cheia de espinhos, fazendo viverem os que já estavam quase morrendo, abandonados por um amor rebelde e bandido.
                Às vezes paro e penso: Meu Deus! Vale mesmo, tudo o que tenho feito, e apenas levar sempre a carga de quem sempre me calunia? Há alguma recompensa para quem sempre é burro de cargas, sem descanso merecido, sem o carinho conveniente, sem o tratamento adequado, só vivendo e levando chicotadas?
                É! Finalmente, quando estamos nestas circunstâncias do caminho da vida, devemos rogar ao Supremo e Infinito Criador:
      Eu quero a força para quê; Ame sempre, mesmo sendo rejeitado! Leve sempre o padecer alheio no coração mesmo não sendo compreendido! Sofra ao ver os outros sofrendo! Chore para que as outras pessoas possam sorrir! Divida sempre o pão de cada dia com os famintos, mesmo recebendo como recompensa a ingratidão! Levante, pelos braços, aqueles que estão caídos em seus próprios leitos de dor, muito embora isso não seja visto por eles!...
      Eu quero; Indicar sempre o caminho aos desnorteados, ainda que eu mesmo tenha que caminhar junto levando pisadas nos pés! Ficar de vigilância para que os desprotegidos durmam tranqüilos, ainda que não adormeçam nunca! Ter sempre uma palavra amiga aos aflitos, mesmo que sejam surdos e bocós! Ter sempre a coragem para levar a paz onde haja guerra, mas continuem a guerrear! Ter a sabedoria para entender todos os problemas e resolve-los, ainda que todo o mundo tenha se voltado contra mim!... A sabedoria, a inteligência, a esperança, a coragem, a humildade, a sinceridade, a singeleza, a delicadeza e o amor sempre hão de perdurar e triunfantes vencerão.
                Antes chorar, que fazer rolar uma lágrima dos olhos de alguém! Antes ser infeliz, que deixar uma alma magoada com a ingratidão! Antes sofrer, que descarregar, sobre uma alma cansada, a carga da traição! Antes levar a tristeza da rejeição, que ter de maltratar uma pessoa pelos sentimentos do seu coração! Antes ser pisado, a ver a humilhação de um ser desconsertado! Antes ser esquecido, a esquecer! Antes ser ferido, a matar um amor verdadeiro! Antes morrer, a martirizar o mais belo, puro e perfeito sentimento da alma, o amor!
                O amor é o centro de todas as coisas, de tudo e todos. É a essência da própria vida. Sem um centro não existirá um corpo. E sem o corpo nada daquilo que se diz existir, existe. Para sentir a vida, é preciso que se viva à vida com vida. Para que esta vida seja viva vida é necessário que haja o alicerce mais resistente, perfeito e precioso do universo. E o amor é este precioso sustentáculo.
                Vale a pena viver. A vida tem sentidos próprios e preciosos. É vivendo a vida que se aprende a viver. É com o viver da vida que se aprende a amar o amor verdadeiro e real. E é tendo amor no amar que se aprecia o prazer do mais belo sentimento do coração. Pois só o amor superar as adversidades deste triste mundo. Só no amor se pode obter o gosto pela vida, seja esta como for. Só no amor pode-se encontrar a vida cheia de felicidades e harmonia. E só o amor nos proporciona o prazer de amar. E é amando que o coração adquire vida, saúde e paz.



*** *** ***


MINHA VIDA;

CAPITULO II.

                Tudo começou... Se é que posso dizer... Como uma flor, que nasce, cresce e desaparece... Um dia nesta terra então surgi. Isso para algumas pessoas, não faz sentido nenhum. Há alguém que acha que tudo se dá tão sorrateiramente que nem dão valor ao nascimento de uma flor!
                Como gosto das flores, admirando-as, juro que se pudesse as teria todas elas comigo! Pois, nelas só vejo o amor divino e perene, carinho e beleza. Então, por que não ama-las? Isso faz bem ao espírito.
                Assim como todo o homem de grandes prestígios, ou que seja tão desprezível; nasce, cresce e depois desaparece desta vida... Ninguém deve viver tão despercebido destas coisas que nos é tão evidente! Só os que não amam a própria vida! Só os ignorantes agem assim bastardamente.
                Pois bem; com todo o brilho na alma, cheia de esperança, um dia nascia nesta terra alguém... Tão inocente! Tão indefeso e!... Dinheiro em abastança não possuía, mas que uma vontade imensa na alma de vencer, trazia!
                Neste ínterim, todos, todos nós somos tão queridos e admirados por todos que nos vem visitar! Quantos beijos, não ganhamos, que... Quantos carinhos, lembrancinhas, dedicação e um amor imenso... Todos nos amam com admiração e afeto de elogios. Às vezes até exageram! Existe até quem nos coloque o tal de quebranto! Inveja! Pura inveja! Um mal que escraviza a maior parte das criaturas humanas.
                Hoje... Quantas vezes quisera eu que aquele tempo voltasse!
                Penso!... Por que não me amam como naqueles dias de criancinha?! Será que depois de adulto, não sou mais considerado ser humano?!...
                Meu Deus! Volte para mim, toda a felicidade e amor do meu tempo de bebê! Quero amor, compreensão e afeto comigo! Hoje, não mais como um neném!... Sou adulto. Tenho comigo noção sobre tudo desta vida. Como poderia ir ao colo de todo mundo, como nos tempos de recém-nascido?! Só uma pessoa poderia me dar tudo isso. Mas!... Será que existe esta criatura, para me dar amor, carinhos e envolver-me nos seus calorosos braços?! Como saberei isso?... Ainda sou um inocente! Vivo sem malicias e...
                Nos dias que se foram! Em anos que já não voltam nunca mais!... Naqueles dias eu vivi tão cheio de curiosidades e espírito repleto de esperanças; de crescer e me dotar de sabedoria. Nem sempre, ainda pequeno, fui compreendido!
                Nunca gostei do mal feito! Sempre amei a verdade, a justiça e a dedicação!
                Como é importante, uma criança inteligente e atenciosa! Quão maravilhoso é um menino, ou menina, que procura ouvir, sempre ouvinte sem nunca querer interromper as pessoas mais idosas! Tão bela é a criança que, carinhosamente e com dedicação, procura sempre fazer uma amizade com as pessoas mais responsáveis e idôneas! Tudo isso contribuirá para a formação intelectual de um ser dotado de qualidades, que mais tarde, sem sombras de duvidas o tornará num grande pensador.
                Pensador?! É... Como pensam as crianças? Quantas vezes pensei!... Sempre estava ouvindo as pessoas dizerem que um dia o mundo iria se acabar!... Que tudo o que vemos neste mundo teria um fim. E então com tanta ansiedade no coração infantil, mas já cheio de esperanças, eu imaginava:
      Meu Deus! E eu?... E eu que nem ainda me tornei um adulto?! Irei morrer antes do tempo? Queria tanto vencer na vida!
                Como as crianças são inocentes! Acreditam em tudo que ouvem dizer! Mas a medida que vão se passando os dias, meses e anos a gente vai sentindo o crescimento em nosso próprio viver. Tanto no saber, quanto no ser e físico. Muito mais ainda, quando se freqüenta o primeiro aninho da escola! Aí, sim! Tudo é tão difícil! A professora, os coleguinhas de sala, as lições e... Além de tudo isso, aqueles que não se interessam pela boa união e harmonia entre todos, que nos provocam brigas. Mas, então temos que passar por tudo isso?!
                Nunca gostei de brigas e disputas injustas. Só que tive de chorar muitas vezes! Os outros me insultavam para brigas... E fugi muito disso. Sempre levei comigo o amor e a verdadeira vontade de viver unido com todas as pessoas a minha volta. Por isso muito sofri desde pequeno!
                Como é triste, ver as pessoas se agredirem no dia a dia, como se isso fosse tudo normal! O que não é! E nunca foi. Mas por que tudo isso? Se somos filhos de um mesmo pai?! O amor tem que estar em todos os corações! Senão, jamais alguém será feliz nesta terra. E é o que tem acontecido com os seres humanos. É por falta de amor nos corações é que há tantos sofrimentos entre as criaturas.
                A falta de amor entre as pessoas, já promoveu tantas guerras entre nações, famílias e casais.
                Amor! Que maravilha de nome! Nome que nos lembra paz, felicidade, união, bem querer, família e muito mais. Sem amor, um homem passa a ser o pior   harmoniosa felicidade.
                O amor nos faz ficar longe, bem longe das brigas e desavenças! O amor é quem me fez criar esta pequena obra, tão simples, mas composta de muito carinho e dedicação.
                Amo e quero ser amado. Desde pequeno tenho um grande amor pela vida. Só que amei e fui a penas odiado!... Procurei a paz e só me fizeram guerras! Quis, tanto, unir vidas e me fizeram abandonado pelos caminhos da vida!
                Na escola o professor sempre dizia:
      Não vale a pena brigar, discutir, perseguir, ultrajar, bater e nem tão pouco apanhar! A união, feita com amor e simpatia, nos livra de tudo o que é ruim.
                Na escola, aprendi a me expressar por meio de gráficos e a ter uma educação e respeito pelas pessoas. Na igreja tomei conhecimento do amor a Deus e ao nosso próximo. Na escola o professor me ensinou a vencer na vida. E na igreja, o Sacerdote me fez conhecer toda a justiça divina.
                Se todos assim pensassem, o mundo seria outro bem diferente! Se todos agissem como são ensinados e orientados, pela escola e pela igreja, não haveria a maldade, falsidade, traição, injustiça e nem as guerras entre as nações. Se a humanidade toda temesse a Deus, eu não estaria sofrendo tanto hoje!
                Quanta falta de amor! Meu Deus! Vejo a separação de meus pais?!... Que angustia na minha alma! Fiquei com meu irmão, e... Tudo se acabou em nada em pouco tempo! Eu que tanto quis a união da família!... Porém, por fala de amor e compreensão, hoje estou abandonado! Estou com o coração espedaçado!
                Quanta dor! Foi numa tarde, não me lembro o dia exato em que tudo aconteceu!... Foi horrível!
                Depois de uma falta de entendimento; uma briga lascada, discussão, xingamentos e falta de amor verdadeiramente perfeito... Finalmente, com o coração aos pedaços, vimos nossa mãe ir-se embora! Iria voltar um dia? Nunca iríamos saber.
                Um fracasso total para uma família, que até então preservava tradições conservadoras. Muita revolta e desespero, para um coração que ainda era criança e, que só sabendo amar, agora se vê jogado ao léu!
                Queria também partir?! Para onde iria? Ao mundo sem rumo preciso? Isso tudo passava pela minha memória. Meu irmão, por ser menor e não fazer nenhum comentário, nunca fiquei sabendo o que se passou em sua cabeça. O que percebi nele foi também a angustia e a tristeza aliada à solidão. Muita embora tivéssemos a presença do pai, tudo ficou desolado.
                Quem ama, nunca quer ver o mal da pessoa amada! Quem gosta, gosta de coração e não só dos lábios para fora, isto é, só de boca. Já vi amor verdadeiro e também amor falso nesta minha vida. Só que uma coisa eu digo; “de todos os amores que existem nesta terra”, somente um é o que vence as lutas, a incompreensão, a injustiça, o medo, o ciúme, a raiva e tantas coisas mais. Sendo que na maioria das vezes nem ainda é compreendido e respeitado. Só traz felicidade aquele amor que vem das profundezas de uma alma bondosa e meiga. Isto é, o amor que faz as pessoas felizes é somente o que nasce do próprio coração e transmite a alegria harmoniosa. E só ama realmente, aquele amor que sai do espírito manso e bondoso. O amor que só visa o interesse próprio, este nunca foi ou será amor! É um ser ladrão da felicidade humana. Sabe por quê? É por roubar a consciência de suas vitimas. Aquele ou aquela que só diz que ama, mas tem interesse secreto ou abertamente pelo que a outra pessoa tem, ainda que não, é um ladrão. Não ama coisa nenhuma! Só os bens materiais, posição social ou o dinheiro! Trai... Sim, é uma pessoa latro-traidora. Rouba e engana o amor de sua vitima inocente.
                Tanto amei que se foi de mim toda a força de vontade, de em um mundo onde as pessoas só querem aproveitar da bondade e inocência alheia para satisfazes seus próprios caprichos, prosseguir levando minha cruz de cada dia! A maldade é tanta nesta terra que, mesmo as pessoas amorosas, quantas vezes são induzidas a cometerem injustiças para se livrarem dos infortúnios.
                Tanto que eu queria ver a minha família unida e feliz, que hoje vivo na clandestinidade!... Só por amar, vivo suportando e sofrendo calunias?! Meu próprio pai não me dá a mão e... Até sou taxado de cavalo?!... Isso eu ouvi meu ascendente furiosamente me chamar por mais de uma vez! Não sei por que! Por coisas mínimas fui comparado a cavalo, aranha e preguiçoso... Meu Deus! Perdão! Não sou do tipo de me expor muito assim, mas... Portanto, é meu coração, tão maltratado, quem sabe a dor de uma carga insuportável dessas!
                Meu viver, fora feito de dor e rejeição desde criança. Nunca amei recebendo amor! Nunca procurei e consegui encontrar!... Será que pela gente só saber amar, merece tanto esquecimento e rejeição assim?! Ou será que os outros que não são como nós, que amamos e gostamos da vida, não possuem coração? Por que somente as pessoas que não gostam de ser maltratadas e de maltratar alguém, são sempre as vitimas do destino?! Pois quem não ama sinceramente, sempre é lembrado, querido e venerado?! As pessoas que não se compadecem do sofrimento alheio, são sempre as que mais recebem carinhos? Quanto mais aqueles falsos e mentirosos, aqueles que fazem as outras pessoas sofrerem, que são traidores e encrenqueiros, são os que mais vivem cheios de amigos e pretendentes amores?! Parece incrível, mas é assim mesmo.
                E nós? Temos uma cruz a levar! E bem mais pesada e incomoda. Cada vez mais pesada, é a nossa cruz. De maneira que o nosso caminhar é lento e doloroso! Sem forças suficientes para olharmos muito para a nossa própria figura desfigurada pelo destino cruel e traiçoeiro que nos é reservado, andamos cabisbaixos e...
                A vida é uma longa estrada, sinuosa, em aclive, declinada e, às vezes tão estreita em suas passarelas, que parece impossível de se passar com uma cruz enorme, pesada e tão desajeitada. Há lugares movediços, arenosos, espinhosos e cheios de surpresas inesperadas; que às vezes, coloca-nos em afronta e descontentamento com a própria vida desabonada pelo triste caminhar que destina a encarar.
                Todo o poeta é muito sentimental e, quase sempre, prefere sair em desvantagens a ter que fazer alguém sofrer. O poeta ainda se consola com o dom de; por meio de poemas, poesias, mensagens sentimentais e pensamentos profundos, revelando ao mundo todo o seu sentimento da alma! Mas quem não teve este privilegio de ser como nós, os poetas, de botar para fora do coração magoado, toda a carga sentimental da alma por meio da escrita?! Há que sofrer até a morte! Chorar é a única saída, para os que não são dotados do espírito poético... Pois quem ama padece por amor. E quem chora, descarrega com o lamento da alma, nas lagrimas do coração, toda a tristeza, a angustia e a dor. Dor mais dolorida que já houve até então.
                Sempre adorei me revelar por meio da escrita. A caneta e o papel foram os meus companheiros de sempre. São os meus melhores amigos confidenciais.
                Ser moço?! Ah! Como sonhei com essa fase da vida! Sonhei muito com a minha autonomia pessoal. Mas não é jamais para se colocar em carreira desenfreada com a liberdade para fazer o mal! Queria tanto realizar um sonho! Vencer na vida... Foi o que mais desejei! Só que hoje, ano de 1998, nunca consegui realizar o sonho de ser feliz!... É que nunca fui compreendido! Ninguém jamais me entendeu e sempre fui o culpado por atos não cometidos pela minha pessoa. Todos me acham com cara de saco de pancadas... Sou o alvo preferido pela infelicidade e desilusão.
                Trabalhei junto com meu irmão na roça de nosso pai, desde os oito anos de idade. Como nunca gostei de ser chamado a atenção, de reclamações quanto a serviço mal feito, sempre procurando fazer o trabalho direito, ia permanentemente para trás. Isto é, ficava atrasado de meu irmão e do próprio pai, é claro. Meu irmão, para se sair na frente e ganhar elogios e fama do pai, fazia tudo mal feito, e, mesmo assim, sempre ganhava o troféu. Mas eu que!... Eu que fico para trás procurando fazer tudo direitinho, só ganho má fama?! O pai chega e logo vai dizendo asperamente:
      “Além de preguiçoso, mole... É um porcalhão”! O mais novo segue a frente fazendo o trabalho bem feito!...
                Meu Deus! Será que... Ele não vê realmente quem é quem?! Será que não consegue enxergar de quem é o serviço mal feito?!... Não olha quem de nós dois está fazendo o trabalho imperfeito ou pela metade?! Ou será que sou o burro de carga e o bode expiatório ao mesmo tempo aqui?...
                Tenho trazido uma revolta muito grande dentro de minha alma angustiada!... Não há ninguém que me enxergue neste rebelde mundo, como pessoa humana?! Os outros fazem o mal e sou eu quem presta as contas?! Até quando servirei como escudo, levando os golpes da incompreensão e da ingratidão das outras pessoas?
                O tempo passa... E como passa! Tudo se vai neste mundo. Tudo se acaba para sempre um dia... A ruindade de alguém, que sempre é militante atuante nesta vida, também irá desaparecer permanentemente. Queira sim ou não. Um dia sumirá de vez para nunca mais voltar à tona. Só que a humildade dos poetas, que nem sempre é vista ou reconhecida nesta vida, depois de sua morte perdurará para a eternidade... Não há coração mais amoroso e humilde que o dos poetas! Eles sofrem calados... Só se expressam através da sua misteriosa e enigmática letra.
                Sem apoio nenhum, começo minha luta pela vida... Tendo que suportar as adversidades desta vida que sempre me foi ingrata. Por não tolerar nenhum tipo de desfeita, gozação, engano ou traição, é que sempre pareço ignorante neste mundo ingrato!... Sou e vivo alheio aos atos perniciosos dos profanos. E por isso sofro por ver tantas maldades, intolerâncias, mentiras, enganos e traições!
                Abusado de ver as discussões dentro de casa... Meu Deus! Por que a paz me cerca aqui? Só há guerra entre a família?! Ninguém entende mais ninguém?! Só existem rixas e ódios...
                Isso é o que mais me fez viver com um sentimento profundo no coração. Tanta intolerância! No meio de tudo isso vivi e ainda vivo...
                Agora, depois de uma terrível briga, minha família se divide... Minha mãe foi embora?! Meu Deus! Quanta desgraça! Onde está o amor verdadeiro neste lar?! Para onde se foi aquele voto feito, por este casal, diante do altar divino, ao jurarem que viveriam unidos para sempre; na alegria, tristeza, saúde e na doença?! Este juramento fora feito diante da igreja, do sacerdote e do Deus Altíssimo... Mas e agora como fica isso?...
                Nestas circunstancias, existem tantos filhos!... Quantos descendentes destes casais desfacelados, que um dia juraram falsamente, hoje sofrem amargamente neste mundo de esquecimento e ilusões?! Filhos que vêm os seus queridos pais brigarem se separarem para sempre! Filhos que vêm o pai bater na mãe... Às vezes fazer sua mamãe ir dormir no mato ou na rua... Trair a sua mãe... Matar a sua mãe?! Isso é normal ou natural? Nunca! Isso é um mundo de tirania perpetuada por negligencias humanizadas pelos seres desnaturados e irracionalizado de ignorância!
                Também há filhos que vêm a sua mãe maltratar o pai! A mulher que trai o esposo e... Filhos que presenciam o pai os ter de abandonar chorando, indo-se para sempre, por ter sido pego no engano da traição da esposa... Filhos que têm o desprazer de verem o seu pai caído pelas calçadas e sarjetas da cidade, bêbado, embriagado das desgraças lançadas contra ele num momento... Quantos deles mendigam por causa de um mau casamento! Sofrimento para todos, pai jogado e filhos pelo infortúnio do desastre matrimonial. Um mal que poderia ter sido evitado bem antes de os filhos existirem, ou mesmo antes da união conjugal.
                Por tudo isso é que há homens descontrolados... Desgostosos por uma traição da esposa, vivendo jogado pelas ruas e estradas, afogando as suas magoas de uma maneira extravagante nas bebidas. Por terem sido traídos pelas esposas, estes homens esmolambados, ficaram alucinados, passando a se embriagarem os filhos muito sofrem por tudo isso. Quem sabe ficam até calados, engasgados pela angustia de estarem nas profundezas de um abismo interminável e sem volta. Pais separados, famílias divididas e... É demais! Um caminho mal começado só acaba no deserto tenebroso de uma vida desabonada e inimiga do amor.
                Daí eu dizer nestes meus lamentos sentimentais, que hoje no mundo, há tanta maldade meus amigos! Não tem mais nem como relatar tudo o que vem ocorrendo em certos lares e famílias! As pessoas simplesmente não mais se entendem! Não querem olhar para além de sua própria pessoa. Acham que só elas sente dor! É sim! Somente a sua pessoa sente dores. Os outros que se danem! Que se explodam! É o que a maioria, ou uma grande parte, dos humanos pensam, fazem e acham que é certo. Nunca olham por seu semelhante e, tão pouco os próprios filhos.
                Na minha casa não tem sido diferente. Só não é igual por causa da traição, bebedeiras, jogos e nem tão pouco orgias que não existem entre meus pais! Minha maior tristeza, minha cruz de cada dia, é ver que brigam por coisas insignificantes desta vida. Com os ciúmes e as intolerâncias... É claro que vão sempre viver de constantes contendas. E como se desentendem meu Deus!
                Quem me dera ver a paz tão almejada dentro do meu lar!... O meu sonho! Só que... Que bom seria, estar feliz ao lado de minha família unida?! Quão maravilhoso ver os meus ascendentes vivendo em harmonia para sempre?!...
                Mas para mim, o jeito foi sempre viver de sonhos e sonhar... Sonhar com mundo ornamentado de rosas e perolas! Sonhar com a felicidade, a paz, o amor e a harmonia familiar!
                Como são alegres, felizes e realizados os filhos de pais que se amam e vivem com todo o amor verdadeiro e puro! Como é linda, uma família, onde não existam as desavenças, os ciúmes, as traições, a falta de vergonha e amor e nem tão pouco as bebedeiras!... É como um jardim florido! Do qual só exala o carinho, o amor e a paz sublime e serena.
                Onde há paz, só existe e reina o amor real! Onde se tem o amor, existe o domínio de uma plena harmonia! Onde reina esta harmonia, só haverá felicidade! E onde se encontra a felicidade, predomina e reina a vontade do Criador das almas, e, não há o que se dizer de brigas, ciúmes e divisões, só perdura o espírito do seu amor. Não existem as guerras, aonde permanece a paz. Bem como não o que se falar sobre os ciúmes, tristezas, amarguras, inseguranças e desavenças! Onde o Divino Supremo é respeitado pelo casal, que cumprindo fielmente o voto feito diante do “santo e sagrado Altar”, é um exemplo de vida em família.
                Por conseguinte, quantos e quais os casais que pensam nisso?! Acho e posso dizer que são muito poucos em todo o planeta.
                Depois de uma temporada; uma briga entre genro e sogro, finalmente minha mãe volta para casa! Mas nem ainda houve o perdão> tudo me parece uma eternidade!... Meu Deus! Quanta dureza de coração! Que falta de amor!... Por que não perdoar?! Se não houve tantos motivos?! Não foi traição, mas um pouco de falta de consideração!... Uma falta de vigilância. Isto sim!
                Quantas vezes, o pai é um tanto sistemático e não gosta de ver sua palavra ser desrespeitada! E por ignorância, ou capricho quem sabe, a esposa não entendendo bem a natureza do esposo; sendo, em outras palavras, teimosa e birrenta, faz com que tudo comece! Por exemplo:
      Mulher, não vá hoje à casa do teu pai! Estamos com muito serviço a ser realizado por estes dias!... – diz o esposo - deixe para depois da colheita da nossa lavoura de algodão, então poderás ir à vontade!
                Mas não! A mulher de teimosa e sem compreensão vai, sem ao menos dar uma satisfação ao esposo, que por sinal ainda está na roça sem saber de nada. Se fosse pelo menos perto?! Não seria tanto problema. Mas isso era em outra cidade longe!... Quem sabe deixando trabalho por fazer! Ou mesmo, deveria auxiliar o esposo, que está apurado com a colheita do algodão?! Por causa disso, uma guerra explode num lar! Tudo é destruído em questão de segundos e!... Quem poderá o reconstruir? Ninguém mais! Tudo voa pelos ares, como a fumaça de uma poderosa e traiçoeira bomba, a espalhar terror, a angustia, o desespero e o tormento aos corações dos integrantes daquela família! Mas principalmente aos seus descendentes e dependentes. Tudo fica ao sabor do além da dor.
                Foi por causa de uma bomba dessas, que hoje trago as marcas do sofrimento, que tive de presenciar a destruição repentina e terrível, ainda que por pouco tempo, do matrimonio de meus pais no fim do verão de 1978! Aqueles quinze dias que ficaram separados foram como quinze anos! Pareciam infinitos, aqueles dias de solidão!
                Aqueles dias foram como meses!.... Pareciam intermináveis... E muitas e serias conseqüências viriam depois deles. E até ameaças de morte! Desentendimentos terríveis e uma triste tragédia na minha saúde estavam prestes a chegar. Tudo que se planta aqui nesta vida, ruim ou bom, aqui mesmo... Nesta mesma vida é feita a colheita. Não para onde se escapar! Quem fizer o bem, irá colher tudo o que é bom e agradável para a sua vida e as dos seus familiares. Mas quem fizer o mal, só irá desfrutar os terríveis resultados que se abaterá sobre si e os seus filhos! Quem apronta aqui, aqui mesmo pagará a sua pena.
                Os filhos pagam pela falta dos seus pais, com o sofrimento do abandono. Os pais pagam por suas culpas no sofrimento dos seus filhos, que ainda sob a responsabilidade deles, são acometidos por desgraças neste mundo de reviravoltas.
                Não há coração de pedra que não se desmanche em água, quando vê um filho perdendo a vida! Ainda que durão, cheio de razões, a pedra amolece e se quebra!... Ante uma grande e triste sena de agonia de um filho a desfalecer, apagando-se como uma velinha em dias ventos... Não há quem suporte, por mais sagaz e cruel que seja, a menos que esteja sob os efeitos de drogas; não existe humano algum que permaneça indiferente vendo um ente seu sendo consumido por uma doença, acidente e enfim... Em coma profundo sem as mínimas chances de vida, segundo os médicos presentes!










MINHA SAÚDE;

CAPITULO III.

                Como é belo o desabrochar de uma flor! Que maravilha, quando a roseira começa a soltar os primeiros botões!... Tudo para e aprecia a beleza e a gloria de uma flor a desabrochar! O jardineiro, que é zeloso e cuidadoso, faz de tudo para que cada espécie de flor possa se desenvolver e colorir o seu jardim.
                Pois, como se dá com as flores, assim mesmo é a vida de um adolescente... Prestes a desabrochar para a maturidade, o homem ou a mulher, sonha com sonhos maravilhosos o futuro de sua vida. e como a flor, que é tão frágil, os jovens merecem todo o carinho e a atenção das pessoas mais idosas. Como a flor, que para ser viçosa, depende do zelo e da atenção do jardineiro, os moços e as moças adolescentes não são diferentes. São flores a desabrocharem! São cessíveis à vida... É ai que mais dependem e precisam do apoio do pai e da mãe. Juntos, os pais darão todos os meios cabíveis de um futuro de progresso e realizações aos filhos.
                Mas se os pais dão maus exemplos?! Ao invés de zelarem com amor e carinho dos adolescentes, os espantam com as suas ignorâncias?! Se não os batem ou largam-nos as soltas, vivem brigando desrespeitosamente diante dos mesmos! Separam-se!... Xingam-se!... Esmurram-se... Um é covarde com o outro, não tem consideração, amor e nem respeito ou papas na língua...
                Os casais que não procuram resolver os seus problemas com paciência e, sempre quando houver que discutirem um mal entendido em cônjuge, que o façam longe dos filhos, mesmo dos mais adultos. Assuntos de pais se resolvem entre os pais e nunca diante de filho algum. Tudo isso prejudica a boa formação moral e espiritual de um jovem, adolescente ou criança. Eles poderão se tornar em pessoas completamente revoltadas, e, muitas vezes, praticarem atos indecorosos e crimes de qualquer índole.
                Mas o porquê de tudo isso que acabo de citar? Como tudo poderá acontecer de mal? Alias! É claro! É evidente que nem todos vão se deixar levar pelos maus tratos e maus exemplos, de quem quer seja indo para o precipício da existência! Mas serão pessoas magoadas e sofredoras por esta terra por onde quer que ande. Não poderá, nunca e jamais, serem felizes. E trarão sempre as marcas profundas em suas almas. E uma marca na alma não se apaga tão fácil!
                Eu que tudo isso vivi, venho narrar estas palavras para que tantos quantos sejam filhos nestas circunstancias, possam se consolar ao verem que há mais alguém na mesma situação. Existem mais sofredores neste mundo!
                Tenho trazido as marcas da falta de compreensão dentro de minha própria família. Só presenciei brigas, intolerâncias e desentendimentos entre meus pais!
                Aos dezesseis anos, como todo pré-jovem, sonhava com a felicidade! É nesta fase da vida que o adolescente começa a acordar para a vida amorosa... Começa a conhecer os seus próprios sentimentos. Vê que caminha para as grandes paixões desta vida... Foi aí que presenciei não um mundo ornamentado de rosas, mas espinhos a me furar a pele!... Presenciei foi um mal terrível a me assolar.
                Não tive a felicidade de antes ver meus pais unidos num verdadeiro amor e, darem-me a mão e me prepararem melhor a um futuro cheio de emoções, uma briga feroz os fez se pararem um do outro!... Era-me como o fim do mundo, se ainda era só o começo?! Foi um desastre total para mim...
                Naquele dia... Como hoje, ainda me lembro tão bem em minha memória, parece que foi há poucos instantes! Minha mãe chega de viagem da casa do pai dela, o meu avô que morava em outra cidade. Em casa havia ficado; eu, meu irmão e minha irmã. Ou seja, os três mais velhos. Éramos naqueles dias em seis irmãos; quatro meninos e duas meninas. Seguindo a seguinte ordem; dois meninos, duas meninas e dois meninos. Mais tarde nasceriam as duas irmãs mais novas. Isso, depois de muitos trancos e barrancos.
                Eu sou o mais velho dos irmãos que, ainda naqueles dias, estava com a pena 13 anos de idade. O segundo depois de mim tinha 11 anos e a irmã, a terceira da fila, tinha 9 anos. Enfim, estávamos os três com o pai em casa.
                O nosso pai também estava naquele momento conosco em casa... A mãe tinha passado uma semana com os pais dela, juntamente com meus irmãos menores. Ao chegar, em nosso lar, ela foi surpreendida com palavras obscenas e rudes... O homem pegou uma espingarda e saiu ameaçando... Tomou um rumo ignorado e, depois sumiu... Quanta dor!... Quanto sofrimento!
                Momentos antes, ele cantava conosco uns cantos sacros... Tinha prometido muita coisa para mim e os outros dois irmãos. Deveríamos estudar e nos formarmos em nível superior e iríamos embora para a capital paulista. Estava livre de maiores despesa?!... Enfim, antes era uma coisa e, agora, um desastre?!...
                Sua palavra deveria estar de pé, pois havia dito antes para a esposa, nossa mãe, que se não voltasse logo para casa, então jamais deveria retornar! Ele não a aceitaria sob circunstancias algumas da vida, jurou. Mas, ela acabava de voltar para casa neste momento?!
                Muitas lágrimas eu vi nos olhos aterrorizados de minha mãe!... Chorávamos muito também. Ela entrara no quarto e, chorando arrumou toda a roupa que pode em malas e sacolas, tudo desordenadamente! Pois não tinha mais muito tempo! Fora dado somente alguns minutos de prazo! Se não saísse a tempo, naqueles poucos instantes dados, levaria a pior... Quem sabe um tiro!...
                Aos soluços, ouvi-a chamarmos um a um. A nossa irmã e companheira dos dias de solidão, estava decidida a sumir com a mãe, a ficar conosco e o pai?!... Será que realmente ficaríamos?! Um profundo e terrível silencio se fazia agora... O ranger das portas do guarda-roupa, das malas e coisas mais!... O soluçar de todos nós ecoava como uma orquestra distorcida com sons mudos e sufocada pela derrota duma batalha!... Da mãe ouvia-se a voz embargada dizer:
      Meus filhos! Venham comigo! Vocês estão grandinhos e poderão ajudar-me a cuidar dos menores! Vamos embora para debaixo de uma arvore... Não fiquem aí com este ignorante! Vamos comigo! Irei agora de volta para a casa de vosso avô, o meu pai... Já é quase noite! Mas ainda há um ônibus tarde da noite para lá. Vamos?! Dizia ela...
                Antônio e Gilberto Sanceí, dois irmãos adolescentes inseparáveis... Ouviam tudo e, viam o desabamento do lar, sem dizer nada estavam como mudos!... A voz encalhou-se em nossas gargantas!... Não tínhamos forças para mais nada! Olhávamos um ao outro... As nossas lágrimas rolavam até o chão!...
      Mãe! Nós vamos ficar!... Temos que estudar mais... Amamos a senhora, os crianças e também o pai... Como ficaremos agora?! Não sabemos o que queremos! O mundo gira em nossas cabeças! Como poderemos saber o que é certo agora? Se o mundo acaba de desabar sobre o nosso viver?!
                Horas amargas passei junto com o Gilberto! Pois, não tínhamos dinheiro para ir embora com a mãe e os irmãos menores! Então, já bem escuro, ouvimos os sons dos seus passos silenciarem na calada da noite! Só os grilos cantavam, procurando da maneira deles, para nos consolar?!
                Como caminhava, nossa mãe, com crianças pequenas e ainda as malas e sacolas? E o pior, era uma noite sem lua e muito escura! A lua havia, por condolências a nós, havia sumido na imensidão do infinito. Quanta desgraça!
                Cadê as juras de amor, feitas perante o servo do Senhor em seu Templo Sagrado? Como juraram diante do Altar Santo, viver um para o outro; na dor, na alegria, na tristeza e em momentos delicados?! Como poderá ficar um casal desses, diante do Altíssimo? Tamanha injustiça, desordem e pecado! Pois as adversidades ruins dessa vida são fáceis de serem feitas nulas com a união perfeita, a fé, a oração e procurando honrar o Divino Supremo. Basta procurar ser e viver humildemente como ensina os Sacerdotes do Senhor.
                A família é parte do reino do Criador nesta terra. E é por meio da família que Deus abençoa o homem. É com esforço de se entenderem, na vida conjugal, que as lutas são vencidas facilmente. Não é impossível alcançar a solução dos problemas na vida se os dois, o esposo e a esposa, buscarem uma saída mais sábia. Não será com ciúmes, brigas, a falta de considerações e amor que um casal vai viver feliz com seus filhos, preparando-os para o futuro! Quando tudo isso só traz a desgraça para toda a família!
                As noites se tornaram um terror!... Não tínhamos alegria nenhuma, mais. Era como que a nossa mãe houvesse morrido, levando consigo os nossos irmãos menores!... Tudo havia se tornado em tédio.
                Eu sempre fui sentimental, por isso muito mais padeci! Com a alma angustiada, cheia de dor e tristeza, não mais sentia prazer pela vida!... Tudo para mim se acabara ali mesmo!
                Meu Deus! Tenhas compaixão de nós! Venha nos socorrer, oh Divino Criador! Quero, oh Virgem Maria, que a Senhora Santa mãe eterna, nos dê de volta a nossa mãezinha!... Sei que para a Santa Mãe de todas as mães, vir ao nosso encontro, trazendo a sua filha, nossa mãe e irmãos é fácil! Basta para isso merecermos este privilégio e... É preciso que a fornalha seja apagada primeiro. Posso compreender que tudo é possível a Mamãe Celestial! Por isso, me ponho de joelhos e peço-te a felicidade de volta a nossa casa! E, especialmente, a mansidão aos dois cônjuges! Que a compreensão entre nos corações de ambos! Que não haja mais brigas e contendas entre os nossos pais. Sei que não tardarás em me atender! Tenho toda a certeza de que estás a me ouvir. Quero que todos os males se retirem para bem longe do nosso lar! Ainda que meus pais não mereçam tanto das vossas bênçãos, oh Virgem Maria, Rainha Imaculada, venhas a mim!... Estou ansioso pela paz e o amor!
                Agora só posso ter a Mamãe Celeste, aquém posso reclamar e pedir as coisas desta vida... Aí é que um filho sabe a dor de não mais poder contar com os carinhos e o amor da mãe querida! Quantos filhos, que tendo ainda as suas mães não sabem dar o devido valor ao amor e carinhos delas, enquanto as têm consigo! Eu que, ainda não perdi a minha, não mais a tenho comigo, vivo um terrível desespero!... Foram momentos amargos e angustiantes, aqueles em que tudo se desfez, como uma fumaça no cair do crepúsculo! Parece que o mundo se desmoronou sobre minha cabeça!... Que horror! Que tristeza! Aquém mais chamarei de mãe?! Aquém me dirigirei chamando de mãe, quando precisar de algo que só ela poderia me dar?! Ah! Como tudo pode acontecer assim?! Uma casa, que parecia bem construída, ser levantada e levada pelo vento da ignorância e se espatifar pelo mundo afora?!
                Quinze dias se foram, como se fossem quinze anos. O meu avô veio se encontrar com meu pai... O encontrou em uma estrada, estava de ida a cidade. Meu pai estava indo de bicicleta, distanciava cerca de 3 km, quando se encontraram, os dois. A principio conversaram pacificamente, pelo menos foi o que parecia. Só que depois um pé de guerra se levantou entre genro e sogro! Maltrataram-se muito com palavras e insultos... Depois de tantas discussões, ameaças e coisas mais... Finalmente estava resolvido, aparentemente aquele assunto... Mas sem antes o genro voltar em casa se armar e ir encontrar-se novamente com o sogro na rodoviária, aí fazer novos desafios, querendo realmente uma batalha! Houve então as ameaças de morte a meu avô. Mas a Santíssima Virgem Imaculada pôs suas santas mãos e não deixou nada de mais grave acontecer aos dois. Finalmente aquela conversa, entre os dois, ficaria adormecida como o fogo em um monturo, onde se aparenta apagar, mas queima por baixo. Essa fala entre os dois, um dia teria que retornar! E de uma maneira muito diferente e dolorida. Quem planta abrolhos só colherá espinhos! Ou será que colherá maçãs?
                Finalmente, um dia chegávamos de um passeio com os amigos em casa, lá estavam minha mãe, irmãs e irmãos menores. O pai estava... Não sei aonde. Só sei que também havia saído de casa e, quando a minha mãe chegou com as crianças, ele não tinha chegado ainda.
                Para mim e meu irmão foi uma alegria imensa, ter nossa mãe de volta junto com os irmãozinhos menores! Eu havia tido um sonho no qual vi minha mãe voltando. E isso se deu antes de meu avô vir conversar com o meu pai para que voltassem a viverem unidos. Numa visão eu via minha mãe e irmãos voltarem para casa. Só que nunca eu havia contado para meu irmão e muito ao pai, seria uma tragédia para minha pessoa! Poderia até apanhar!
                Na tarde em que nossas felicidades voltaram, lembro-me como agora, enquanto nosso coração se alegrava, o pai chegou... Só que quando entrou em casa, pegou panelas, roupas e coisas mais, indo se alojar em paiol que havia em nosso quintal.
                Morávamos em uma chácara, onde tínhamos farturas de todas as espécies! E vi, tantas vezes, brigas dos dois. Meu pai queria vender a terra. Isto foi antes do pior ter acontecido, como acabo de relatar.
                Transcorria o ano de 1978, final de janeiro, quanto aconteceu essa separação dos meus pais. E, mais ou menos, em meados de fevereiro voltaram a viver juntos novamente, ainda que de fachada. Estava prestes a nascer a irmã mais nova do grupo, a Rose Sanceí. Quando minha mãe foi embora estava no principio da gravidez. Em pouco tempo já apresentava os sinais da gestação.
                Os dias e meses se passavam... E o homem não amansara de maneira nenhuma! Arranjou uma fotografia de uma mulher nua e, para provocar minha mãe, colocou-a em um armário bem visível, aonde que chegasse a nossa casa via-a de cara... A mãe rasgou-a furiosa, mas sem pensar no que estava armado com aquela foto indecorosa! Foi outra briga feroz e sem precedentes!... Todos os outros irmãos já haviam ido dormir, ficando os três mais velhos acordados até mais tarde, na noite em que a tal fotografia fora rasgada pela mamãe. Fui fechar a porta, pois fui o ultimo a ir se deitar. Fui surpreendido com alguém segurando a porta pelo lado de fora! Quem seria? O pai já havia se alojado lá em  seu dormitório executivo, um paiol!... Tentei novamente... Alguém segurava a porta mesmo por fora, era meu pai que nos sondava. Tinha montado campana na porta da cozinha, na espreita de todos nós dormirmos e, só depois, dar uma surra em nossa mãe. Larguei da porta e fui me deitar, já era tarde! Nem imaginávamos o que estava armado contra a nossa mãe naquela noite. Mas a nossa irmã mais velha, a que havia ficado conosco da primeira vez, estava desconfiada e não dormiu! Ficou acordada, pensando não sei o que, apreensiva pelos fatos que estava se dando naqueles dias com nossa família. O pai não dormia mais em casa! Ficava amontoado em paiol, cozinhando e curtindo suas magoas... Neste dia, finalmente, resolveu se vingar, após a foto ter sido rasgada, o que foi mesmo uma cilada que havia usado para tal fim.
                Entrou de surpresas no quarto da mamãe e começou a agredi-la com socos e esbofeteadas, começando a enforcá-la... A menina, que fingia dormir, levantou-se apavorada chorando e, assombrada, olhava aquelas cenas obscuras de uma fúria incomparável... Algo fora dor normal estava acontecendo ali?!... Ao ver o desespero que se instalava nos olhos da adolescente e, por estar sendo muito agressivo, a menina gritando, poderia acordar não somente os outros filhos, mas toda a vizinhança. Então, largou sua brutalidade e sumiu... Indo para o lugar onde curtia suas magoas.
                Foi muito difícil se chegar ao controle total da situação. Ou seja, não foi nada fácil se chegar a uma mínima pacificação, ainda que aparente. Porem, aos poucos tudo foi voltando ao seu normal. Depois de meses, começaram a se falar... E, finalmente, em 16 de setembro de 1978 nasceu a Rose Sanceí. Tudo, finalmente estava bem de novo. Só que não tínhamos mais nenhuma confiança na boa vivencia dos dois. Não nos inspirava nada de segurança. Não era de se duvidar, novas brigas e coisas assim poderiam aparecer a qualquer momento! Onde existe a desconfiança, não mora a felicidade e segurança familiar! Onde há os ciúmes, só tem brigas e desavenças! Como poderão existir paz e harmonia num lar onde mora a desconfiança e a falta de amor?! Nunca e jamais! Assim nada é possível.
                Ora! Quem ama confia! Quem confia vence! Quem vence é feliz! Quem é feliz não traz infelicidade aos filhos e a mais ninguém! Não foi o que foi o que prometeram diante de sua igreja?! Não juraram viver somente uma para o outro?! E se vivem um para o outro não pode haver nada de desconfianças! Pois nenhum dos dois irá ser infiel ao outro! Devem os dois, terem a certeza da felicidade de um para com o outro e para com os seus filhos e familiares próximos.
                No livro sagrado está dito por Jesus Cristo, Senhor da igreja e nosso redentor o seguinte:
      Desde o principio Deus os criou macho e fêmea, homem e mulher... De maneiras que cada homem deixará seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher. E será os dois uma só carne; e assim já nã serão os dois, mas um só. Por tanto, o que Deus ajuntou, uniu, não separe o homem...
                Aí se vê que se todos os casais respeitassem o santo mandamento, não haveria o que existe no nosso mundo atual! Se ao menos as pessoas religiosas ouvissem e respeitassem, não só os mandamentos, mas quem os deu! É... O mundo seria outro bem melhor. Éramos todos felizes! Ou pelo menos a maioria das pessoas o seria. Não haveria ciúmes e desconfianças, pois não tendo traições e enganos entre os casais, todos viveriam de bem com a vida! Não tínhamos, nós que nascemos para ver brigas e desentendimentos entre nossos pais, nunca presenciaríamos uma destruição de nossa família jamais! Não se teria nesta vida, ninguém com a alma marcada pelo desprazer da infelicidade reinante no lar.
                Há pessoas que precisam sofrer castigos muito grandes para chegarem a uma conclusão de que estão erradas, em suas atitudes e decisões de suas vidas ignorantes e ignoradas. E, como sou um ministro em minha igreja, sempre quis servir a Deus de alguma forma. Isso eu consegui depois de lutas e buscas constantes para tal fim... Com muito carinho, digo ao amigo leitor: “Deus cobra tudo que fazemos de errado nesta vida”. E ainda mais de nós que vamos à igreja de continuo orar e louvar!... Talvez nem respeitando nosso irmão do lado... Não dando ouvidos, quem sabe, aos mandamentos divinos. Quebrando a fé cristã...
                Uma pessoa é ou deixa de ser! Você nunca poderá estar em dois lugares ao mesmo tempo! Ser cristão e ateu ao mesmo tempo. Nunca houve meio termo neste sentido! Como poderá uma criatura querer gozar das bênçãos que Cristo dá a igreja, sendo que em casa, no seu lar, com a família é um desastre?! Vive aos trancos e barrancos! O mínimo detalhe da vida traz motivos para controvérsias?! Jamais se consegue algo sem ir buscá-lo! Nunca se chega a lugar nenhum, sem caminhar! Ninguém conseguirá navegar em duas canoas ao mesmo tempo. Ou seguirá numa e abandonará a outra ou então ira para o fundo da água, ficando sem nenhuma! Assim são os caminhos da vida.
                Aí entra a justiça do Supremo. E foi o que aconteceu conosco naqueles dias sombrios. Com a minha família. Houve um longo período de ódios do meu pai em relação ao meu avô. Encontravam-se na igreja, pois freqüentavam a mesma congregação, eram da mesma comunidade. E na região onde a gente morava só havia uma igreja da comunidade em um raio de uns 70 km. Encontravam-se lá, mas nunca se falavam! Com tudo, os anos passaram... E bem de pressa tudo seria cobrado por Deus e seu filho, Jesus Cristo.
                Dezembro de 1980 chegou. E junto com aquele verão chegaria também um mal muito súbito! Ele atacaria primeiro a minha mãe. O que aconteceu em meados de dezembro. Sem antes dizer que durante pouco mais de dois anos, nem nós íamos à casa de meus avós e, tão pouco eles vinham a nossa.
                Uma doença atacou a minha mãe, colocando-a numa cama por todo o final daquele mês de dezembro até meados de janeiro. Minha mãe ficou a ponto de morrer, mas meu pai nunca a levou a um médico. Isso não era por que não tinha recursos! Nós tínhamos carro e morávamos a uns dois km da cidade. Não tinha nenhuma desculpa para não leva-la para fazer uma consulta... Fiquei muito indignado com aquilo! Via minha mãe cega, não se alimentava com mais nada... Não conseguia sair de casa. Mas mesmo assim se arrastava até a cozinha para fazer algo para nós que éramos, na maioria, ainda pequenos. Quer dizer, cozinhava e lavava alguma roupa... Parece uma mentira! Mas ninguém da família, tanto da parte dele ou dela, fora avisada do que se passava em casa! Minha chegou a um ponto de não mais levantar-se da cama, nem mesmo para ir ao banheiro fazer as necessidades fisiológicas. Fazia no seu próprio quarto... Não gosto nem de me lembrar disso que vivemos naqueles dias!...
                Muitos se passaram, até que finalmente... Ela começava a melhorar! Mas isso foi graças a sua fé em Maria Santíssima, nossa santa protetora. Eu e minha mãe, sempre a devotamos. Desculpem-me os que não a reconhecem! Mas quem não acredita nesta mãe tão bondosa, mãe de nosso Jesus, não acredita ou aceita também ao seu filho... E foi graças a nossa fé em Maria Santíssima que minha mãe começava a dar os primeiros passos, com tanta dificuldade, segurando pelas paredes da casa. Finalmente, depois de mais de um mês de permanência na cama, parecia que estávamos vencendo a doença de nossa mãe. Por fim, não morreria como pareceu até então.
                Porconseguinte, em um 07 de janeiro de 1981, estava trabalhando na roça com meu irmão e companheiro, o Gilberto, ansioso de que o outro dia chegasse logo! Seria domingo e íamos adorar a Virgem Santa em sua igreja! O Gers,meu irmão, também sempre foi devoto da Virgem Maria, como o é até hoje, e ia comigo naquele domingo até o templo para adorá-la.
                Tudo estava bem até a noite daquele sábado, 07 de janeiro de 1981, até a manhã do domingo, 08 de janeiro de 1981. Não senti nada de anormal quanto a minha saúde até a nossa volta do Sagrado Templo da Virgem. Depois de agradecermos a nossa Mãe Celestial, retornamos feliz para nossa casa que, afinal ficava a uns 20 km de distancia. Estávamos de bicicletas. No caminho de volta, tomamos uma forte chuva e, sem ter aonde nos escondermos, quase que levamos todo aquele aguaceiro todo às costas! Já cheguei começando a sentir um pouco de febre. Minha mãe, que ainda não estava nada boa, fez-me algum chá de ervas caseiras, mas de nada valeu.
                Todavia, a partir daquele domingo a tarde, comecei a me sentir muito mal. Não tive mais disposição para nada. Aquela noite já me foi um terrível pesadelo. A febre não mais me deixava em paz. Passavam os dias; 08, 09, 10 e... Nada de melhora?!  Só piorava a minha situação?! Comecei a tossir tanto! Mais tanto, mesmo ao ponto de ter a sensação de que iria explodir ao meio!... Iria morrer?! Em compensação a febre só aumentara. Minha mãe, como qualquer mãe amorosa, mesmo com a sua saúde tão abatida, buscava de todas as formas um remédio para mim, que por cima nem me alimentava mais. Minha garganta virou-se uma só ferida!... Meus olhos... De tanta dor, os meus olhos já não suportavam mais a claridade, por pouca que fosse. Mesmo o claro de uma lamparina de querosene... Era-me um suplicio! Ouvi minha mãe dizer ao meu pai;
      Leve esse menino ao medico!... Ele está cada vez pior! Não vês? Não come mais nada já faz dias...
                Mas, nada!... Até parece uma brincadeira! Mas meu pai não ligava muito pela saúde dos filhos. Não se era por andar muito ocupado com o trabalho duro e cansativo da roça?! Ele via que eu estava morrendo dia após dia... Ou fingia não ver o que acontecia?!
                Comecei a delirar... Andava perambulando, toda a noite, por dentro de casa! Via pessoas estranhas... De outro mundo?! Minha mente ficou danificada. Não conseguia pensar em mais nada! Tudo ao meu redor virara em puro inferno!... Era só sofrimento, agonia e dor! Minha vida havia se tornado em tormento de um instante para outro?! Nem ainda tinha começado a viver!... Mas, e agora? Não haveria mais tempo e aquém recorrer para uma possível sobrevivência?! Uma flor, ainda em botão, acabava de entrar em processo deterioração tão prematura.
                Minha mãe muita devota, ouvindo as palavras santas e ungidas de um Santo Bispo no radio, o que o fazia desde muito tempo. Procurava-me sempre para levar aos pés do receptor para que ouvisse com ela os conselhos daquele homem santo de Deus, que por sinal, parecia saber de tudo que estava acontecendo comigo!
                Em meio a tanta dor, perturbação, angústia, agonia, terror e sofrimento... Ainda conseguia me dirigir com tanta fé e devoção a minha Santíssima Mãe Virgem Maria... Esta era a Santa que o Santo Bispo invocava juntamente com outros Santos celestiais... Parecia que aquele servo de Maria me chamava tão carinhosamente para junto do radio, e, assim poder me abençoar em nome dela! O que o fiz por algumas vezes...
                Já era quinta feira, dia 12 de janeiro de 1981, caminhei, bem na hora da oração da tarde, fui até onde estava o radio ligado aos pés da cama de minha mãe... Juntos, minha mãe e meu pai me observaram chegar... Ah! Agora eles viram algo estranho em mim!... Aquele jovem vinha caminhando, qual um cego agonizando em busca de forças para viver... Pelo menos um pouco de ar!... Pelo menos um pouco de misericórdia... Vinha tropeçando nos moveis e paredes da casa! Andava cambaleando, quase caindo de fraquezas... Não conseguia mais alimentar-se.
                Enfim, cheguei próximo daquele instrumento usado pelo nosso santo Bispo para nos abençoar e falar-nos do amor da Virgem... De joelhos ao chão acompanhei toda a oração com reverencia e muita fé no coração. E assim ainda, consegui na sexta feira 13... Mas seria minha ultima vez?! Eu conseguiria repetir isso por quantas vezes?! Seria possível?
                Um segredo eu revelo aqui, a todos que lerem este meu livro. Àqueles que são incrédulos a nossa fé nos Santos de Deus, lá nos Céus, revelo tudo o que vi naqueles dias amargos e terríveis pelos quais passei. Talvez tenha sido minhas culpas e falhas para com a minha fé?! Ou, quem sabe, para que com o meu sofrimento, haver uma prova para mim mesmo e para os meus pais, que viviam aos trancos e barrancos?! Também para mostrar ao mundo, quem sabe, como devem as pessoas temer a Deus, fazendo em tudo a sua santa vontade, inclusive entre casais!
                Quando me aproximava daquele radio, para de joelhos, receber as bênçãos do Santo Bispo Coutinho, servo de Jesus e do Criador, toda aquela minha agonia e dor sumia! Todo aquele horror e perturbações de maus espíritos saiam! Era-me direcionada uma forma de brisa revelada numa nuvem branca. Esta nuvem saia junto com a voz santa do Servo do Senhor! Conforme a sua voz suave e meiga saia dos alto-falantes do radio, vinha junto, e eu a via e sentia, uma nuvem como uma espécie de cerração bem refrescante e gostosa, tomava conta de mim...
                Aquela brisa, que só eu via e presenciava, tirava de mim todo aquele sofrimento. Só que era tempo relativo à oração daquele Bispo?! E... Terminada a oração, lá estava eu sendo vigiado e seguido pelas sentinelas da dor e da morte?! Vi tanta gente feia!... Não dizer como surgiam das paredes, chão e ares?!... Pareciam estar querendo me levar ao abismo sem fim e misericórdias?! Somente eu sabia o que via, sentia e passava comigo! Mas com tanta fé, coragem e esperanças suplicava, pedia a minha Santa Protetora! Minha Mãe Divina e minha esperança viva, eu assim clamava a ela:
      Oh Santa de Deus! Nossa Mãe Celeste! Oh minha Padroeira! Oh Mãe, tenha misericórdia de mim!... Oh Virgem Santa!... Leve o meu clamor e angustiante de sofrimento ao teu filho, meu Jesus Cristo, ao eterno Deus da misericórdia!... Que eles tenham piedade de mim... Estou quase morto, sem forças para andar e ainda sem esperanças algumas de ser atendido por um medico!... Tenha compaixão deste teu pobre devoto, que no momento se encontra abandonado à própria sorte! Mas, também não deixes abandonado! Eu morrerei... Piedade! Piedade! Piedade... Oh Virgem! Interceda por mim ao Supremo Criador e a teu filho Redentor... Eles, eu tenho a plena certeza, a ouvirão e terão misericórdia de mim... Porém, Mamãe Querida, seja feita a vossa vontade e não a minha!... Que permaneça a vontade Divina, mas não a minha vontade! Sei que sou faltoso para com a minha fé... Talvez seja só uma correção?! E eu aceito. Daí eu vos pedir que seja feita a vossa vontade e não a minha que, não sou ninguém! E não posso decidir e nem exigir nada daquilo que não está ao meu alcance...
                E assim eu fazia as minhas preces, sempre se baseando e crendo no que o Santo Bispo me dizia, eu creio. Dizia ele que a gente deveria orar pedindo que fosse feita a vontade Divina e nunca e jamais a nossa! É claro que se fosse para ser feita a nossa vontade, nunca queríamos ficar doentes, não é mesmo?! Mas... Quantas vezes de joelhos eu fiz como aquele reverendo me dizia para fazer! Fiz até cair entediado pelas doenças e desolação que me assolavam vorazmente...
                Meu pai, apesar de um tanto ignorante ao que estava acontecendo, começou a ver que a coisa era séria. Na noite de sábado para domingo, 15 de janeiro de 1981, fez-me um chá de cocô de cachorros, por que havia a suspeita de sarampo. Eu, de tão mal que estava nada percebi e tomei aquele chá!... Foi como se nada estivesse bebendo, ou se fosse como tomar água simplesmente. No dia seguinte, isto é, no domingo estava ainda pior! Era chegada a hora de morrer mesmo?!...
                Oito dias se passavam desde que à febre, a dor de cabeça e a tosse tomaram posses de meu corpo... No lugar da saúde, a doença era o meu prato naqueles dias de tormentos e agonias! Caí da terra firme no imenso mar... Um mar de torturas e tormentos ultrajantes e sem tréguas nenhumas.
                Ai, eu fui levado! Não ao hospital, mas sim a uma farmácia, para tomar medicamentos. O senhor Antonio, um ótimo farmacêutico da cidade, me aplicou algumas injeções e outros medicamentos, vitaminas na veia e... Alguns comprimidos, que nem me lembro mais, finalmente fui levado de volta para casa.
                Meu Deus! Que horror! A reação foi tão violenta!... Não consegui mais me conter e... Estava tão fraco que aquelas injeções foram qual veneno! Dia 15 de janeiro de 1981, que horror! Fiquei muitas vezes pior que antes! Para quem conseguia andar trombando em tudo dentro de casa, agora já não andava mais!... Delirava em um mundo atormentado por dores atrozes e incontroláveis... Mundo da agonia, sofrimento e desespero! O inferno presente entre os humanos vivos! Gostaria tanto de andar, apreciar o mundo lá fora... Brincar com meus irmãos!... Mas estava preso em um lago de tormentos...
                Ao amanhecer da segunda feira, não via mais nada e a ninguém! Não conseguia andar mais sozinho e... Todos notaram que finalmente o meu dia chegara! Tão prematuramente, aos 15 anos e 9 meses, estaria morrendo sem nenhum socorro?!
                Uma flor que ainda não havia desabrochado caia murcha por terra! Aquele que trouxe o prazer de ser o primeiro filho do casal, o primeiro neto que não via os avós a muito tempo. E, estes, não podiam vê-lo mais e que nem sabiam do que se passava com o neto. Mesmo nem imaginando que estava o mesmo a um passo da morte cruel e traiçoeira!
                Sendo levado agora pelos braços do pai, que tanto o maltratou o coração com palavras, mas que nunca o esquecia, agora vendo a morte insistindo em levar o filho?!... O carrega, não sei como, até o carro para levar à cidade. Agora, sem forças para ver ou andar, quase morto, não sei o que fez! Mas ele me levou até o veiculo, pois para mim tudo não passava da terrível e inerte escuridão! Não me lembrava de mais nada! Não enxergava mais nada! Estava completamente vegetando neste mundo de morte!
                Fui levado até a mesma farmácia. É que o farmacêutico era amigo da família. Quando íamos pelo caminho, só eu e meu pai, ouvi-o dizendo:
      Mas que coisa! Eu queria que hoje você já trouxesse o carro?! Queria ver-te dirigindo, mas parece que hoje ficaste pior do ontem?!
                Nada respondi... Não tinha mais forças para falar. Só agonizava... Uma inquietação tomava conta de minha alma! Ela não suportava mais o peso do corpo amortecido, que pelas doenças, estava prestes a tombar.
                Levado como um morto vivo... Chegou-se finalmente à farmácia ou ao fim das ultimas esperanças?! Ninguém suspeitava do que iria acontecer dali para frente!... Fui tirado do veiculo qual um boneco de pano. A cabeça sem equilíbrio próprio! As pernas trêmulas e desgovernadas; arrastavam-se como pedaços de madeiras inertes! Arrastado, pelos braços do pai, fui até o interior daquela farmácia onde encontravam algumas pessoas, além do farmacêutico.
                Era segunda feira, por volta das sete horas da manhã, aquele dia de desespero e angustia. Andei, não sei como, ainda aqueles poucos metros, como os últimos momentos de vida neste mundo, ainda fazendo o impossível para continuar vivendo... Uma terrível agonia!... Estava no profundo inferno e submerso no seio das trevas de um infinito poço. Estava enterrado vivo nas profundezas da terra?! Tudo não mais era apreciado por mim! Ou seja, nada mais tinha o menor sentido para minha pessoa. Estava prestes a ser vencido pelo inconsciente... Mesmo assim uma força continuava a residir, teimosamente, em meu coração que persistia em permanecer lutando contra a maior vilã da existência, a morte! Batalhava sozinho mesmo sem ter a cooperação do resto do corpo que queria tombar...
                Mas, o momento havia chegado?!... Seria a vida ou a morte? Tudo ou nada? Aos quinze anos e nove meses, um moço desaparecia deste mundo para sempre, muito embora estivesse lutando contra a má sorte até aquele instante, seria levado pela falta de cuidados médicos? Por que merecia mesmo um castigo desses? Ou era minha sina?
                Fosse de quem fosse! Realmente era uma imprudência muito grande que me fazia jazer prematuramente... Estava claro.
                Espantando!... O pobre farmacêutico ao ver aquelas senas em sua frente se assustou muito e disse, eu ainda o consegui ouvir... Pela ultima vez a voz humana entrou nos meus ouvidos tão fraca, penetrando em minha mente inflamada... Disse o farmacêutico:
      Não! Meu Deus! Não posso fazer mais nada! Corra, e de pressa, leve-o para o pronto socorro já! É urgente! O moço está a um passo da morte! Poderá não chegar lá com vida mais! Corram! Ele vai morrer! Irei ligar par o Dr. Natal agora mesmo...
                Agindo rápido, aquele profissional da saúde, tenta salvar minha vida o quanto antes que seja tarde demais! Ligou para o medico e contou tudo o que estava acontecendo em sua farmácia. Foi preparada toda a equipe do hospital São Paulo para receber um corpo desfalecido, preste a sucumbir deste universo.
                Ali mesmo, lá dentro daquela farmácia...! Minhas pernas... Há! Meu Deus! Minhas pernas de pano finalmente se desintegraram! Desfizeram-se em nada!  Como morto, fui de encontro ao chão gelado. Segurado pelas mãos calejadas de meu pai, caí desfalecido. Finalmente meu fim chegara!
                Já não mais podia conter-me, não houve mais forças em meu físico para suportar o empurrão e o golpe traiçoeiros da morte?! Ainda que lutasse com toda a fé e esperança que alguém possa ter, contra a própria fraqueza que me matavam há dias. Era uma agonia interminável!
                Tinha suportado até ali, mesmo sem domínio próprio e sem ver mais a luz deste mundo, mantinha-me vivo por dentro com uma fé tão imensa em Maria Santíssima! Não via mais meus irmãos e ninguém mais... Numa palavra, estava cego, não enxergava mais nada desta vida!
                Agora, depois de uma agonia tão penosa, caí fulminado pelas doenças que me destruíam sem piedade ou dó! Foi diagnosticado sarampo preto, pneumonia profunda e inicio de meningite. A febre de 40º e 10 décimos.
                Estava só pele e osso...! Febre intensa... Convulsões, tosse, dores terríveis na cabeça... As vistas apagadas por uma insuportável dor ocular. O cérebro estava todo cheio de feridas e... Realmente era uma desgraça total!
                Ao chegar ao Pronto Atendimento Médico, o Dr. Natal e suas enfermeiras estavam sob expectativas. Fui levado de imediato ao tratamento intensivo. A equipe do Hospital se viu numa guerra crucial contra o tempo e... Tinham que defender aquele resto de vida com unhas e dentes, se pode assim se dizer! Enquanto aquele médico procurava de alguma forma reanimar aquele coração torpedeado, uma enfermeira lutava para puxar a língua que havia se enrolado para dentro da garganta. Ela usava de todos os artifícios e meios para manter a respiração, estava sendo bloqueada pela língua enrolada...
                Não conseguiam trazer a língua de volta ao seu lugar! E era uma batalha em volta da mesa na sala de emergência...
- Não tem mais jeito, murmurou a enfermeira!
- Não garanto mais nada, disse o médico chefe... Desespero, naqueles instantes, dominava aquelas pessoas presentes ao espetáculo tenebroso. Especialmente a equipe que atendia ao paciente. Que espetáculo triste e medonho, presenciaram!
                Será que valeu a pena lutar tanto para não morrer? Não foi tudo em vão o que fiz para suportar as dores, os tormentos e a angustia? E minhas devoções para com a Virgem Maria? Para que serviram? Será que ela se fez surda? Será que ela não quer mais saber de me ouvir? Logo eu que tanto a amo! Tanto a respeito e...! Onde ela está nestas minhas horas de agrura, penúria e tormentos?
                Oh! Virgem Maria! Onde estás, minha Mãe Celeste? A Senhora que sempre foi a minha protetora, agora fugiu de mim, bem agora nos meus dias de dor e tormentos?! Eu que tanto te amei e reverenciei, para hoje cair morto, desamparado, jogado como o joio dentro da fornalha mortal eterna?!
                Oh! Minha Padroeira! Se ao menos te enxergasse noutra galáxia...! Se soubesse aonde te escondestes para não ver minha desgraça e dor! Meu martírio te fez me abandonar?! Onde estás? Aonde fostes, oh minha Santa de Deus?! Socorro! Socorro! Não...! Não... Não suporto mais viver neste corpo que qual molambo tende a desintegrar-se pela doença, não sem a tua presença Santa...
                Adeus! Adeus, devoto da fé! Não valeu o teu esforço para continuar vivendo, pois o teu fim já é chegado...
                E assim, que fiquem todos sabendo isto: “Mesmo sem o saber do Cérebro, com o corpo entregue aos tormentos da morte, meu espírito teimava em não sair dele”.
                Um grande sofrimento se abateu sobre mim e, muito mais tenebroso do que antes! É que agora, com o meu corpo caído por terra, meus olhos fechados... Minha boca cerrada... Minha língua enrolada.... Meus ouvidos surdos... Meu cérebro paralisado e meu coração...! Tudo finalmente chegou ao seu fim. Tudo esta acabado para o meu vaso...!
                As ultimas vozes que ouvi na farmácia e no trajeto até o hospital foram se desfazendo no tempo! Fico preso no meio de uma carne praticamente morta! Sair?! Sei que um dia terei que sair, mas não será agora! Pois ainda que cumprir minha missão nesta terra. Estou certo.
                A luta é renhida e encarniçada! Um véu negro, com uma figura de uma lua cheia muito estranha por trás, procura de todas as formas me levarem para o alem! Começa uma batalha espiritual para suster a vida material. Sei que no mundo, lá do outro lado da vida, estão meus irmãos, meus pais e amigos chorando por mim, que agora estou no sheol das profundezas agonizante...



*** *** ***






MINHA SEGUNDA VIDA;

CAPITULO IV.

                Olhei para o tempo e vi uma nova chance e um novo amanhecer. Era 22 de janeiro de 1981. Cinco horas da manhã daquele novo dia. Era tudo novo!
                Qual é a mãe que dá a luz duas vezes ao mesmo filho? Isso seria impossível aos olhos cegos dos ignorantes. Mesmo que os pássaros virassem peixes e as pedras em flores, isso seria impossível aquém nunca foi crente!
                Por conseguinte, a minha mãe teve esta felicidade, como tantas outras já a tiveram, de me ter novamente com ela! Podem crer. Renasci em 22 de janeiro de 1981.
                Onde só havia trevas e muito desconsolo, raiou uma luz de esperanças e grande confiança. Vindo lá do alto céu uma moça loura de longos cabelos cacheados e de olhos azuis, chegava rodopiando, descendo e se aproximava de meu amordaçado rosto em meu leito de dor e febril tormento... Seus cabelos me acariciavam, qual a brisa da madrugada perfumada, trazia-me um profundo alivio sem igual. Seu olhar, de amor e carinho, me fitava com profunda e imensa compaixão... Haviam sido aqueles mesmos olhos tão meigos e singelos que anteriormente me contemplado caindo no despenhadeiro, no abismo imenso do coma, em que permaneço até agora?! Sem duvida. Aquela linda mulher vinha me trazer o alivio só que, da mesma forma misteriosa que se aproximava do meu leito, se ia novamente para o alem! Muito linda era a minha heroína. Penas eu nunca mais a ter visto novamente! Queria tanto a abraçá-la e beijar-lhe o rosto belo e singelo...! Mas...
                Nova esperança estou sentindo! Meu Deus do Céu! Como eu vim parar aqui em mundo, aonde não vejo ninguém que possa conhecer ou lembrar-me dos seus rostos! Só estranhas criaturas me vigiaram até então?! Exceto a moça de cabelos loiros...! Só ouço vozes estranhas?! Agora mesmo um serviço de alto-falantes com uma voz d’uma diaba convida as pessoas para uma grande festa no inferno... Seria uma comemoração? De quê? Seria uma festa de triunfo? Uma cerimônia do quê está prevista lá no inferno?! Fico muito furioso por este anuncio dado! Será que o povo terá a coragem de ir lá a tal festança?! O som é cada vez mais ensurdecedor e insuportável! Não agüento mais! Paaaaarem!!!... Parem com isso!
- O que foi meu filho?
- Onde estou?
- Você está aqui no hospital... E estou ao teu lado! Não tenha medo.
                Hospital?! O que é isso? Minha mente não me ajudava em nada! E eu não sabia mais o que era um hospital e nem tão pouco o que era se ter um pai ao lado ou quem quer que fosse!
                Acordei de um sono muito longo e tenebroso e... As palavras que acabei de ouvir, pedindo calma e dizendo estar do meu lado era de meu pai. Finalmente consegui voltar do mundo do alem...?! Mas não tinha nenhuma força em mim mesmo. Se não fosse aquela misteriosa mulher linda e carinhosa eu... Teria ficado para sempre longe deste mundo.
                Era 22 de janeiro de 1981, dia em que novamente eu voltava a esta vida. Tive um longo período de estadia em outros lugares que jamais consegui saber onde ficam se é que existem aqui nesta terra! Falei com pessoas que nunca mais as vi, e que, acredito, não vivem mais neste mundo. Vi coisas que ninguém é capaz de acreditar! Principalmente aqueles que não crêem nos santos de meu Deus e em minha Santa Protetora, Virgem Maria Santíssima, jamais irão entender e me escutarem!
                Pois se hoje estou aqui falando com o mundo é graças à fé que tenho e que tiveram os meus pais! Se posso cantar vitórias, devo ela também ao Santo Bispo Coutinho, que hoje está morando com Deus, que muito me consolava com suas palavras de amor, carinho, vida e esperança.
Era o Santo Bispo Coutinho que tinha um mistério na voz que, quando estava falando todas as tardes pelo radio. E estava a minha saúde em jogo e eu me punha de joelhos, muito embora sem forças para andar, mas tendo tanta fé naqueles conselhos sábios do Sacerdote querido que consegui ver sair junto com sua linda voz uma forma de fumaça, uma espécie de nuvem branca. Uma brisa muito suave e refrescante... Junto saia um alivio tão profundo e perenemente suave e extremo que eu não sentia mais nada durante aqueles instantes das orações! Só não sarei logo, por que Deus queria uma prova, tanto para mim mesmo, quanto para meus pais, parentes e amigos! E, é claro, para tantos quantos lêem este livro, entendendo e apreciando tudo o que relato aqui e tudo que passei nesta minha vida.
                Foi um desespero muito grande e desastroso para minha família, aparentemente tudo havia se acabado ali! Fui levado, naquela manhã de segunda feira, para a farmácia pelo meu pai, para tomar outras injeções alem das do dia anterior. Quando estava entrando na farmácia, desespero...! Fui caindo ao chão fulminado pela gravidade das doenças que me destruíam vorazmente sem piedade. Levaram-me às pressas dali para um hospital. Lá o medico, Dr. Natal, com sua equipe, fez o pode para me fazer voltar a viver!
                Foi um dia todo sem a mínima chance de vida. Isto é, sem nenhuma esperança de reabilitação vital! As enfermeiras, preocupadas, corriam desesperadas de um lado para o outro, buscando auxiliar o medico responsável que, com seus olhos ansiosos, buscava de alguma forma me trazer de volta a vida.
            Horas tristes e amargas, passou meu pai! Ele não saiu, minuto algum, do meu lado! Mesmo que nunca mais me tivesse de volta, ele estava decidido a presenciar toda aquela sena e trágico momento de nossa família.
                Em nossa casa, grande expectativa, minha mãe ainda muito doente, junto com os meus irmãos e irmãs, aguardava ansiosa a que estaria acontecendo! Tínhamos saído de manhã cedinho, assim que o sol raiou, e já era tarde, o sol já se punha no horizonte cinzento e, nada de ouvir-se o ronco do motor de nosso carro voltando da cidade trazendo-nos para casa?! Ela olhava preocupada para a estrada, porem nada de ver-nos voltando.
                Agora a noite chegava. Um carro surge ao longe. Vinha com um ronco muito estranho?! Parecia que o carro já dizia o que estava acontecendo... Suas luzes acesas estavam vermelhas e indicavam lagrimas de dor! Olhando bem firme naqueles faróis pálidos avermelhados, minha mãe entendeu tudo!
                Nossa moradia estava distante da rodovia uns 70 metros. Havia duas porteiras para se chegar ao quintal. Em pé na porta da frente, minha mãe observava o carro fazer manobras e ficar virado para trás. Isto é, no sentido da cidade. Ao invés daquela sena de manhã, um corpo esquelético sendo levado de arrasto pelo pai... Agora uma figura toda desconsolada, errante, embriagada pela apreensão, exausta e trazendo as roupas e cobertores de um ser ausente deste mundo, sai do carro e se dirige rumo a casa. Andando de maneira estranha, chega, entra, não diz uma só palavra, joga tudo no chão e...
                - O que está havendo, pergunta minha mãe. Cadê meu filho? O que aconteceu com ele?
                Aquele homem tão sistemático, nervoso e bravo, agora com o olhar vago e cheio de tristeza encara a esposa e diz com palavras embargadas pela agonia:
                - É...! Não sei se vamos ter ele de volta conosco mais uma vez! E continuou a relatar: - Nosso filho não está nem vivo e nem morto! Foi um dia de luta para a equipe medica que o atendeu! As enfermeiras tentaram durante todo o tempo reanima-lo, inutilmente! É verdade que obteve uma pequena melhora, mas a febre de 40 graus e 10 décimos é constante! Não deu trégua durante todo o dia.
                As lagrimas desciam no rosto de todos. Minha irmã mais velha chorava desesperada, pensava que eu havia morrido... Os nossos patrões foram avisados. Os visinhos, enfim, toda a redondeza ficou sabendo somente depois que meu pai voltara à noite. Menos os meus avós e tios. Havia intrigas entre meu pai e meu avô materno e, por isso coisas mais, não ficaram sabendo de nada a respeito daquele episódio comigo.
                Assim que souberam, os nossos patrões foram imediatamente, naquela mesma noite, até o Hospital falar com o medico responsável. O Dr. Natal havia dito para o meu pai que não garantia mais nada de minha vida, pois dada a gravidade das doenças e o estágio avançado em que estavam minha vida corria serio risco. Numa palavra, era irreversível. Poderia morrer mesmo em poucas horas. Os patrões pediram ao medico que me liberasse que eles iriam buscar recursos numa cidade de maior e melhor aparato medicinal. Foi ai que tudo entrou mesmo no jogo!  Dada a minha situação de coma, a falta de recursos e estrutura medica naquela unidade de saúde, a distancia para onde me levariam! Tudo se voltava contra os meus poucos instantes de vida. A minha situação não permitiria o translado em automóvel algum até outra cidade, por mais perto que fosse! Não havia UTI móvel naquela cidade e nem nas vizinhas. Era sair dali e o coração parar mesmo de uma vez! Para Deus tanto faz um Hospital quanto outro! Um médico, ou outro! Não existe nada impossível ao Soberano Criador. No obstante, quando ele deseja provar alguém, qualquer médico serve para se dar a saúde e a vida para uma pessoa de bom coração e de espírito humilde. Era o meu caso! Não que o médico não fosse um bom profissional! Longe disso, era ótimo! O Dr. Natal foi um médico muito inteligente e devo minha vida a ele. É claro, em primeiro lugar a Deus e a minha Santa Padroeira e Mãezinha Celestial.
                Depois de ouvir tudo a respeito de minha triste situação, minha mãe teve uma terrível recaída e, meus irmãos tiveram que ver, além de mim, agora nossa mãe também caída numa cama sem mais forças para se levantar. Quando meu pai chegou em casa no outro dia já tarde, depois de ter passado a noite toda acordado na beira daquele leito do hospital de vigília, um complemento do dia que entrei em coma, chega em casa e tem o desgosto de achar a casa toda desarrumada! As crianças menores brincando, as mais velhas moribundas pelos cantos da casa e a mãe de cama novamente! Para seu espanto, ela estava ainda pior! Não tinha forças para mais nada! Então foi logo dizendo:
                - Vou encher o hospital com gente de casa!
                O sarampo havia pegado de nossa casa, naqueles dias, menos ele, o pai! Meus irmãos menores, devido ao meu estado de coma naquele hospital, também apresentavam uma queda na saúde. Mais era o emocional que, como haviam ficado fracos com a doença, agora com tristeza de me verem entre a morte e a vida também sofreram as conseqüências. Porem, como o pai estava vivendo uma das mais tristes e amargas horas de toda a sua vida, achava que de repente se veria com todos os filhos e esposa em um hospital.

CAPITULO I

VALE A PENA VIVER;

                Tudo começou do amor. O amor mesmo fora feito com amor. Para que a vida exista também cheia de amor, ele requer toda a essência de sua natureza. A vida surgiu do amor, e o amor não é sem a mesma vida. Nada do que há neste planeta foi feito do que é aparente, mas perduram as virtudes do amor, sem ele nada se teria feito. Vida e amor, irmãos gêmeos inseparáveis. Um vive pelo outro, ainda que não seja notada esta união.
                Tudo que se move sobre a terra, que tenha vida, é feito do amor, com amor e para o amor. Só os ignorantes querem separar a vida do amor!  Mas em tudo que olhamos, sentimos e apalpamos vemos os frutos do amor verdadeiro. Tudo é bom e indispensável para o ser humano, contempla-se a vida e o amor juntos, unidos num mesmo objetivo; fazer mover-se o universo misterioso e cheio de surpresas boas e ruins!
                Será que vale a pena viver? Não seria melhor morrer de uma vez, a ter que suportar as maldades de alguns humanos? Se em tudo há vida ligada ao amor e eu... Eu que... Bem, não vejo e nem percebo amor algum! Amor para com minha pessoa? Será que sou diferente entre os humanos? O amor me foi roubado violentamente!... Levaram-me o guia de minha vida, o amor. Vale a pena ainda viver qual um cachorro rabugento abandonado à própria sorte coroada de morte? Terei algum prazer ainda por esta vida pálida e sem sabor que me resta? A vida não me tem mais sentido... Vivo qual pluma lançada aos ventos.
                Meu Deus! Quantas pessoas não pensam assim agora? Pessoas que trazem as marcas profundas na alma! Marcas que são quais cortes doloridos no infeliz coração! Quantos sofrimentos! Quanta angústia, desalentos, abandonos, traições e injustiças! Até parece mentira, o que digo agora!  Porém, não há mais doído que a gente amar e ser incompreendido, chutado pela pessoa que fizemos tudo por ela!... É como se o mundo todo nos abandonasse e tudo se tornasse em nosso inimigo do dia a dia. Quanta dor!... Quanto sofrimento, viver amando sem ter o amor correspondido! Amar e não ser amado é como andar no deserto com o sol ao meio dia buscando chegar até a miragem de um poço de água... Nunca alcançará água de verdade, pois não passa de uma falsa visão, é só a miragem! Assim mesmo é amar a pessoa errada achando que se terá sucesso! É um suicídio.
                A vida não existe sem o amor! A vida nada é sem os carinhos e o calor de quem queremos bem. Só que depois que o amor virar náuseas e ódio não dá mais para suportar a presença da pessoa questionada! Mesmo sofrendo, mesmo como uma pessoa sem as duas mãos, com a falta de amor, a vida ainda prossegue capenga. Sem sentido, mas com muito sacrifício, podemos levantar a cabeça e caminhar a própria lamentação!
                A vida é como uma arvore que ao ser cortada criminosamente, com, muito custo e capricho da natureza, ainda consegue brotar os seus galhos que são a essência das forças do amor a ressurgirem. Ainda com uma esperança de um dia tornar a ser como deseja o supremo Criador, o amor que foi cortado da vida, torna a brotar. O que não se pode arrancar é o tronco de uma arvore! Assim ela se sucumbirá! Mas aos galhos ainda restará uma força vital que os fará voltar à vida neste mundo. Também a vida não pode ser cortada, pois desapareceria deste universo. Mas o amor ao ser levado pelo vendaval da falsidade, traição e engano um dia há de brotar, só que tão pequeno que será difícil ser notado. Ficará invisível, imperceptível pelas pessoas das cercanias.
                Portanto, no mundo dos excluídos do prazer de amar e ser amado, a vida é tão dolorida e cheia de tédio! O quanto é difícil conseguir sobreviver, ainda mais depois de uma tragédia entre a vida da gente e a de quem amava, e que em troca só nos dava o descaso e o desgosto de ver o nosso amor jogado por terra!...
                Amigo e amiga; como é triste cair de onde caí! Como dói, amar e não ser amado! Querer o bem e em troca só receber a rejeição!
                Este mundo nos traz tantas surpresas, que nem imaginamos! Tantos tropeços nos são lançados, que nunca pensamos que existissem! Coisas absurdas surgem de entre as criaturas, que nos colocam em um mundo de suspense.
                Eu, como muitas outras criaturas, que vivi fazendo tudo para ser compreendido, fui só ludibriado na vida! Sinto isso em minha vida e posso dizer com segurança o que tantas outras pessoas também passam e nem sempre conseguem revelar ao mundo humano.
                Depois de tanto lutar, desde muito tempo, tempo de criança, consegui entender o que era viver! Cheguei a mim mesmo e disse: “Agora sou feliz! Consegui ter minha vida completa! Agora posso desfrutar do direito que a vida me reservou, amar alguém e te-la só para mim”! Isso era o que mais sonhei, desde adolescente...
                Os dias se passavam. Sonhando acordado? Mas tudo estava comigo agora! A vida me era grata? O amor era verdadeiro... Assim acreditei por muitos e muitos anos. E minha vida e amor, juntos produziram dois raminhos graciosos... Minha alegria parecia completar-se!... Por conseguinte, como os poetas lêem nos olhos das pessoas o sentimento que vai às suas almas, um frio começou a subir-me a espinha! Como a noite de luar, que é sempre uma beleza de maravilha, comesse a sofrer interferências de nuvens negras e espantosas. Assim o brilho de meu viver, antes coroado de glórias, começa a se apagar criticamente!
                Assim como o marinheiro em seu barco, já tão estragado pelo tempo e num de repente feroz tubarão se aproxima com fome voraz, e, tentando salvar a própria pele busca forças para fugir, ainda luta contra as fortes marés e ventos rodopiantes... O mar e o céu, que outrora estavam coroados pelo luar e estrelas fulgurantes, depois de haver se levantado densas nuvens negras trazidas por ventos arrojantes, se enegreceram e virou-se contra a vida, toda dolorida e maltratada, do desditoso marujo. Pobre marinheiro! Que horror!
                Sou o marinheiro infeliz que se vê agora. Sem os meus indispensáveis instrumentos para sair desta tenebrosa tempestade... Luto desesperado contra o próprio tempo e vida sem lograr nenhum êxito! Sinto o meu coração desamparado e angustiado se debater dentro do peito qual um prisioneiro do destino inesperado no corredor da morte! Lutas, intrigas, batalhas, emboscadas e traições contra a natureza?
                A natureza, ela própria, nos ensina a amar. Ela nos traz o prazer de formarmos um mundo, pequeno, belo e maravilhoso, dentro de uma casa, o lar formado por um casal unido, que se torna o céu entre os homens nesta terra. Esta alegria, a vida nos dá, é para ser compartilhada entre duas pessoas de sexos opostos, diferentes, e a natureza as faz uma só criatura ligada e/ou unidas pelas virtudes do eterno amor.
                Que maravilha! Quanta felicidade! Quanta alegria! O dia chegou e, vou me casar, serei feliz para sempre! Irei ter um reino só meu! Um mundo, todo ornado de perolas, só para nós dois... Uma vida a dois cheia de amor, carinhos, felicidades, ternuras e regada de harmonia eterna? Assim eu sonhei; você sonhou e tantas outras pessoas também viveram e passaram por tudo isso e muito mais... O céu desceu do alto até nossas vidas! Agora é só amor, felicidades e um mar infinito de alegria! É só vida e amor?... Momentos eternamente coroados de glórias... Assim pensávamos ignorando o que estava por vir sobre as nossas cabeças frágeis e despreparadas.
                As aparências nos enganam. E como nos enganam! Pois nem tudo que cheira é flor e que brilha é ouro. Nem toda a jura de amor é feita de coração contrito. Assim como nem tudo que se move possui alma. Nem todo o amor é sincero, mas interesseiro e mercenário. D’uma coisa temos certeza; “a vida ainda continua além de tudo”. Queiramos ou não, somente um “ser” pode julgar-nos de nossos atos com justiça, e mais ninguém.
                Quantas vezes temos que perdoar os nossos opressores? Quanto perdão pode-se dispensar aquém nos engana? Ou será que somos obrigados a perdoar, perdoar e sempre perdoando sem que haja recompensas pelo amor de nosso infeliz coração, o mais bombardeado nesta história toda?
                Há quem erre uma só vez e, com lágrimas nas faces, nos roga o perdão para nunca mais voltar a nos trair na mesma índole! No entanto, existem tantas pessoas falsas, fingidas e mentirosas nesta fatia!... Chega a pedir o nosso perdão com tamanha falsidade e convicta, só por comodidade e para depois de algum tempo nos enganar. Como se diz; “eu me finjo sempre para conseguir o ancoradouro deste trouxa”! Daí continuar a nos enganar sempre na mesma pestilência, talvez até muitas vezes pior que antes!
                Perdão, para traidores, se dá uma só vez! Com isso não estou dizendo que devemos perdoar por apenas uma única vez da vida de alguém em seus erros cometidos. Não! Longe disso. Porém, quando se há humildade e sinceridade, quem nos pede o perdão por uma avaria moral e ética conjugal e mesmo noutras partes da vida social, volta nunca e jamais a pedir clemência pela mesma falta cometida, traição, engano e enfim...
                Meu Deus! Será que vale a pena viver ainda? E neste mundo, onde só existem mentiras e mais mentiras descaradas? Com lágrimas nos olhos e... Ainda tendo que suportar as calúnias? Paro e penso!... Quem sabe exista uma solução por vir! Ah!... Ah! Se todos fossem verdadeiros em todo o viver! Inclusive entre casais, a vida fosse feita de perfeita união, carinho e amor, vivendo sem a falta de vergonha e de caráter, sem a traição e o fingimento! Seria tão maravilhoso!
                Portanto, me ponho a refletir:
“Porque perdoar sempre, se não sou visto como ser humano idêntico e que tem sentimentos”? “Porque ter que fingir-se surdo, e ouvir todos dizendo que sou enganado”... Sim, sou um traído no amor? Porque amar, se não sou amado? Porque querer ajudar, se sou rejeitado? Não adianta querer se fazer feliz, se a pessoa procura a divisão vagando às surdinhas por entre os prazeres momentâneos deste mundo enganador e traiçoeiro?
                Mesmo assim, a vida ainda continua?... Em meio a tudo isso e muito mais, ainda tem que marchar adiante. Se quisermos levar o amor conosco, ele está terrivelmente ferido de morte! Se o procuramos entre as adversidades desta vida, no seu lugar não mais podemos achar! Roubaram a nossa felicidade? E para onde a levaram?
                Digo tudo isso, como num desabafo da alma... Sinto uma vontade profunda de dizer o quanto minha alma tem para expor a este mundo de incrédulos e pagãos, no exalar de tristes palavras de revelações em formas de profundas lamentações!...
                Vivi como um pássaro na prisão. Quando pensei ser feliz, bateu em minha porta a infelicidade... Quando achei ter o gozo da liberdade, fui encarcerado pelo engano, rejeição e desprezo! Mas como a alma do poeta sabe e pode compreender tudo sobre uma paixão pela vida, assim eu vim deixar que ela, a alma, se expressasse do seu próprio jeito de ser e agir. Quis minha alma mostrar e revelar, como a vida, muito embora tendo que suportar calunias, traições, incompreensões, injustiças, mentiras e abandonos, ainda continua.
                Vale a pena viver? Vale a pena ficar para a vida, pois como a flor que brota o amor um dia há de voltar, um novo, puro e verdadeiro que ressurge. Como o sol que ressurge a cada manhã lá no infinito horizonte! Como o amanhecer primaveril! Assim como a primavera, que só inspira amor e carinho... Como o dia que nasce trazendo grandes esperanças.
                Assim, alimento uma grande força de vontade, em meu ser uma minúscula raiz de esperança permanece viva. E que sempre no amanhecer de cada dia vai ganhando forças e se renovando qual o cepo de uma arvore cortada na sua regeneração fragilizada pelos golpes que a arrebatou de sua magnitude e tenra vida. Ainda que sofrendo... Ainda que chorando a dor passada, a vida segue a resistir, não permitindo a vitória das forças covardes e inimigas destas virtudes preciosas.
                Por conseguinte, trago comigo um pensamento: De quê adianta chorar por quem já nos esqueceu para sempre? De quê adianta viver sempre recordando o que já se foi para de nossas vidas? Mas, de quê adianta se calar se a vida não se acaba com os ataques da covarde decepção? Temos que continuar e apreciarmos o prazer que a vida nos traz em seio! Às vezes nem sempre tudo pode nos ser favorável! Na vida temos que nos calar, ou falar, reclamar, gritar, chorar, amar, esperar, suportar, gemer, reagir, lutar, sofrer, viver, morrer, mendigar, deleitar, se esbravejar e... Quem sabe, até ser crucificado, imolado... Por que quem ama sempre sofre por amor.
                Quem ama, ama com o coração! Não faz diferença se é ou não correspondido. Quem tem o coração bondoso, está sempre pronto a viver e fazer viver aquém quer bem viver. E é amando que se vive e dá vida.
                Eu que amei e não fui amado! Eu que respeitei e não fui respeitado!
 Mesmo assim “me sinto orgulhoso por isto”. Eu que tenho um coração cheio de bondade, aqui estou vivendo minha vida, às vezes tão cheia de espinhos, fazendo viverem os que já estavam quase morrendo, abandonados por um amor rebelde e bandido.
                Às vezes paro e penso: Meu Deus! Vale mesmo, tudo o que tenho feito, e apenas levar sempre a carga de quem sempre me calunia? Há alguma recompensa para quem sempre é burro de cargas, sem descanso merecido, sem o carinho conveniente, sem o tratamento adequado, só vivendo e levando chicotadas?
                É! Finalmente, quando estamos nestas circunstâncias do caminho da vida, devemos rogar ao Supremo e Infinito Criador:
      Eu quero a força para quê; Ame sempre, mesmo sendo rejeitado! Leve sempre o padecer alheio no coração mesmo não sendo compreendido! Sofra ao ver os outros sofrendo! Chore para que as outras pessoas possam sorrir! Divida sempre o pão de cada dia com os famintos, mesmo recebendo como recompensa a ingratidão! Levante, pelos braços, aqueles que estão caídos em seus próprios leitos de dor, muito embora isso não seja visto por eles!...
      Eu quero; Indicar sempre o caminho aos desnorteados, ainda que eu mesmo tenha que caminhar junto levando pisadas nos pés! Ficar de vigilância para que os desprotegidos durmam tranqüilos, ainda que não adormeçam nunca! Ter sempre uma palavra amiga aos aflitos, mesmo que sejam surdos e bocós! Ter sempre a coragem para levar a paz onde haja guerra, mas continuem a guerrear! Ter a sabedoria para entender todos os problemas e resolve-los, ainda que todo o mundo tenha se voltado contra mim!... A sabedoria, a inteligência, a esperança, a coragem, a humildade, a sinceridade, a singeleza, a delicadeza e o amor sempre hão de perdurar e triunfantes vencerão.
                Antes chorar, que fazer rolar uma lágrima dos olhos de alguém! Antes ser infeliz, que deixar uma alma magoada com a ingratidão! Antes sofrer, que descarregar, sobre uma alma cansada, a carga da traição! Antes levar a tristeza da rejeição, que ter de maltratar uma pessoa pelos sentimentos do seu coração! Antes ser pisado, a ver a humilhação de um ser desconsertado! Antes ser esquecido, a esquecer! Antes ser ferido, a matar um amor verdadeiro! Antes morrer, a martirizar o mais belo, puro e perfeito sentimento da alma, o amor!
                O amor é o centro de todas as coisas, de tudo e todos. É a essência da própria vida. Sem um centro não existirá um corpo. E sem o corpo nada daquilo que se diz existir, existe. Para sentir a vida, é preciso que se viva à vida com vida. Para que esta vida seja viva vida é necessário que haja o alicerce mais resistente, perfeito e precioso do universo. E o amor é este precioso sustentáculo.
                Vale a pena viver. A vida tem sentidos próprios e preciosos. É vivendo a vida que se aprende a viver. É com o viver da vida que se aprende a amar o amor verdadeiro e real. E é tendo amor no amar que se aprecia o prazer do mais belo sentimento do coração. Pois só o amor superar as adversidades deste triste mundo. Só no amor se pode obter o gosto pela vida, seja esta como for. Só no amor pode-se encontrar a vida cheia de felicidades e harmonia. E só o amor nos proporciona o prazer de amar. E é amando que o coração adquire vida, saúde e paz.



*** *** ***


MINHA VIDA;

CAPITULO II.

                Tudo começou... Se é que posso dizer... Como uma flor, que nasce, cresce e desaparece... Um dia nesta terra então surgi. Isso para algumas pessoas, não faz sentido nenhum. Há alguém que acha que tudo se dá tão sorrateiramente que nem dão valor ao nascimento de uma flor!
                Como gosto das flores, admirando-as, juro que se pudesse as teria todas elas comigo! Pois, nelas só vejo o amor divino e perene, carinho e beleza. Então, por que não ama-las? Isso faz bem ao espírito.
                Assim como todo o homem de grandes prestígios, ou que seja tão desprezível; nasce, cresce e depois desaparece desta vida... Ninguém deve viver tão despercebido destas coisas que nos é tão evidente! Só os que não amam a própria vida! Só os ignorantes agem assim bastardamente.
                Pois bem; com todo o brilho na alma, cheia de esperança, um dia nascia nesta terra alguém... Tão inocente! Tão indefeso e!... Dinheiro em abastança não possuía, mas que uma vontade imensa na alma de vencer, trazia!
                Neste ínterim, todos, todos nós somos tão queridos e admirados por todos que nos vem visitar! Quantos beijos, não ganhamos, que... Quantos carinhos, lembrancinhas, dedicação e um amor imenso... Todos nos amam com admiração e afeto de elogios. Às vezes até exageram! Existe até quem nos coloque o tal de quebranto! Inveja! Pura inveja! Um mal que escraviza a maior parte das criaturas humanas.
                Hoje... Quantas vezes quisera eu que aquele tempo voltasse!
                Penso!... Por que não me amam como naqueles dias de criancinha?! Será que depois de adulto, não sou mais considerado ser humano?!...
                Meu Deus! Volte para mim, toda a felicidade e amor do meu tempo de bebê! Quero amor, compreensão e afeto comigo! Hoje, não mais como um neném!... Sou adulto. Tenho comigo noção sobre tudo desta vida. Como poderia ir ao colo de todo mundo, como nos tempos de recém-nascido?! Só uma pessoa poderia me dar tudo isso. Mas!... Será que existe esta criatura, para me dar amor, carinhos e envolver-me nos seus calorosos braços?! Como saberei isso?... Ainda sou um inocente! Vivo sem malicias e...
                Nos dias que se foram! Em anos que já não voltam nunca mais!... Naqueles dias eu vivi tão cheio de curiosidades e espírito repleto de esperanças; de crescer e me dotar de sabedoria. Nem sempre, ainda pequeno, fui compreendido!
                Nunca gostei do mal feito! Sempre amei a verdade, a justiça e a dedicação!
                Como é importante, uma criança inteligente e atenciosa! Quão maravilhoso é um menino, ou menina, que procura ouvir, sempre ouvinte sem nunca querer interromper as pessoas mais idosas! Tão bela é a criança que, carinhosamente e com dedicação, procura sempre fazer uma amizade com as pessoas mais responsáveis e idôneas! Tudo isso contribuirá para a formação intelectual de um ser dotado de qualidades, que mais tarde, sem sombras de duvidas o tornará num grande pensador.
                Pensador?! É... Como pensam as crianças? Quantas vezes pensei!... Sempre estava ouvindo as pessoas dizerem que um dia o mundo iria se acabar!... Que tudo o que vemos neste mundo teria um fim. E então com tanta ansiedade no coração infantil, mas já cheio de esperanças, eu imaginava:
      Meu Deus! E eu?... E eu que nem ainda me tornei um adulto?! Irei morrer antes do tempo? Queria tanto vencer na vida!
                Como as crianças são inocentes! Acreditam em tudo que ouvem dizer! Mas a medida que vão se passando os dias, meses e anos a gente vai sentindo o crescimento em nosso próprio viver. Tanto no saber, quanto no ser e físico. Muito mais ainda, quando se freqüenta o primeiro aninho da escola! Aí, sim! Tudo é tão difícil! A professora, os coleguinhas de sala, as lições e... Além de tudo isso, aqueles que não se interessam pela boa união e harmonia entre todos, que nos provocam brigas. Mas, então temos que passar por tudo isso?!
                Nunca gostei de brigas e disputas injustas. Só que tive de chorar muitas vezes! Os outros me insultavam para brigas... E fugi muito disso. Sempre levei comigo o amor e a verdadeira vontade de viver unido com todas as pessoas a minha volta. Por isso muito sofri desde pequeno!
                Como é triste, ver as pessoas se agredirem no dia a dia, como se isso fosse tudo normal! O que não é! E nunca foi. Mas por que tudo isso? Se somos filhos de um mesmo pai?! O amor tem que estar em todos os corações! Senão, jamais alguém será feliz nesta terra. E é o que tem acontecido com os seres humanos. É por falta de amor nos corações é que há tantos sofrimentos entre as criaturas.
                A falta de amor entre as pessoas, já promoveu tantas guerras entre nações, famílias e casais.
                Amor! Que maravilha de nome! Nome que nos lembra paz, felicidade, união, bem querer, família e muito mais. Sem amor, um homem passa a ser o pior   harmoniosa felicidade.
                O amor nos faz ficar longe, bem longe das brigas e desavenças! O amor é quem me fez criar esta pequena obra, tão simples, mas composta de muito carinho e dedicação.
                Amo e quero ser amado. Desde pequeno tenho um grande amor pela vida. Só que amei e fui a penas odiado!... Procurei a paz e só me fizeram guerras! Quis, tanto, unir vidas e me fizeram abandonado pelos caminhos da vida!
                Na escola o professor sempre dizia:
      Não vale a pena brigar, discutir, perseguir, ultrajar, bater e nem tão pouco apanhar! A união, feita com amor e simpatia, nos livra de tudo o que é ruim.
                Na escola, aprendi a me expressar por meio de gráficos e a ter uma educação e respeito pelas pessoas. Na igreja tomei conhecimento do amor a Deus e ao nosso próximo. Na escola o professor me ensinou a vencer na vida. E na igreja, o Sacerdote me fez conhecer toda a justiça divina.
                Se todos assim pensassem, o mundo seria outro bem diferente! Se todos agissem como são ensinados e orientados, pela escola e pela igreja, não haveria a maldade, falsidade, traição, injustiça e nem as guerras entre as nações. Se a humanidade toda temesse a Deus, eu não estaria sofrendo tanto hoje!
                Quanta falta de amor! Meu Deus! Vejo a separação de meus pais?!... Que angustia na minha alma! Fiquei com meu irmão, e... Tudo se acabou em nada em pouco tempo! Eu que tanto quis a união da família!... Porém, por fala de amor e compreensão, hoje estou abandonado! Estou com o coração espedaçado!
                Quanta dor! Foi numa tarde, não me lembro o dia exato em que tudo aconteceu!... Foi horrível!
                Depois de uma falta de entendimento; uma briga lascada, discussão, xingamentos e falta de amor verdadeiramente perfeito... Finalmente, com o coração aos pedaços, vimos nossa mãe ir-se embora! Iria voltar um dia? Nunca iríamos saber.
                Um fracasso total para uma família, que até então preservava tradições conservadoras. Muita revolta e desespero, para um coração que ainda era criança e, que só sabendo amar, agora se vê jogado ao léu!
                Queria também partir?! Para onde iria? Ao mundo sem rumo preciso? Isso tudo passava pela minha memória. Meu irmão, por ser menor e não fazer nenhum comentário, nunca fiquei sabendo o que se passou em sua cabeça. O que percebi nele foi também a angustia e a tristeza aliada à solidão. Muita embora tivéssemos a presença do pai, tudo ficou desolado.
                Quem ama, nunca quer ver o mal da pessoa amada! Quem gosta, gosta de coração e não só dos lábios para fora, isto é, só de boca. Já vi amor verdadeiro e também amor falso nesta minha vida. Só que uma coisa eu digo; “de todos os amores que existem nesta terra”, somente um é o que vence as lutas, a incompreensão, a injustiça, o medo, o ciúme, a raiva e tantas coisas mais. Sendo que na maioria das vezes nem ainda é compreendido e respeitado. Só traz felicidade aquele amor que vem das profundezas de uma alma bondosa e meiga. Isto é, o amor que faz as pessoas felizes é somente o que nasce do próprio coração e transmite a alegria harmoniosa. E só ama realmente, aquele amor que sai do espírito manso e bondoso. O amor que só visa o interesse próprio, este nunca foi ou será amor! É um ser ladrão da felicidade humana. Sabe por quê? É por roubar a consciência de suas vitimas. Aquele ou aquela que só diz que ama, mas tem interesse secreto ou abertamente pelo que a outra pessoa tem, ainda que não, é um ladrão. Não ama coisa nenhuma! Só os bens materiais, posição social ou o dinheiro! Trai... Sim, é uma pessoa latro-traidora. Rouba e engana o amor de sua vitima inocente.
                Tanto amei que se foi de mim toda a força de vontade, de em um mundo onde as pessoas só querem aproveitar da bondade e inocência alheia para satisfazes seus próprios caprichos, prosseguir levando minha cruz de cada dia! A maldade é tanta nesta terra que, mesmo as pessoas amorosas, quantas vezes são induzidas a cometerem injustiças para se livrarem dos infortúnios.
                Tanto que eu queria ver a minha família unida e feliz, que hoje vivo na clandestinidade!... Só por amar, vivo suportando e sofrendo calunias?! Meu próprio pai não me dá a mão e... Até sou taxado de cavalo?!... Isso eu ouvi meu ascendente furiosamente me chamar por mais de uma vez! Não sei por que! Por coisas mínimas fui comparado a cavalo, aranha e preguiçoso... Meu Deus! Perdão! Não sou do tipo de me expor muito assim, mas... Portanto, é meu coração, tão maltratado, quem sabe a dor de uma carga insuportável dessas!
                Meu viver, fora feito de dor e rejeição desde criança. Nunca amei recebendo amor! Nunca procurei e consegui encontrar!... Será que pela gente só saber amar, merece tanto esquecimento e rejeição assim?! Ou será que os outros que não são como nós, que amamos e gostamos da vida, não possuem coração? Por que somente as pessoas que não gostam de ser maltratadas e de maltratar alguém, são sempre as vitimas do destino?! Pois quem não ama sinceramente, sempre é lembrado, querido e venerado?! As pessoas que não se compadecem do sofrimento alheio, são sempre as que mais recebem carinhos? Quanto mais aqueles falsos e mentirosos, aqueles que fazem as outras pessoas sofrerem, que são traidores e encrenqueiros, são os que mais vivem cheios de amigos e pretendentes amores?! Parece incrível, mas é assim mesmo.
                E nós? Temos uma cruz a levar! E bem mais pesada e incomoda. Cada vez mais pesada, é a nossa cruz. De maneira que o nosso caminhar é lento e doloroso! Sem forças suficientes para olharmos muito para a nossa própria figura desfigurada pelo destino cruel e traiçoeiro que nos é reservado, andamos cabisbaixos e...
                A vida é uma longa estrada, sinuosa, em aclive, declinada e, às vezes tão estreita em suas passarelas, que parece impossível de se passar com uma cruz enorme, pesada e tão desajeitada. Há lugares movediços, arenosos, espinhosos e cheios de surpresas inesperadas; que às vezes, coloca-nos em afronta e descontentamento com a própria vida desabonada pelo triste caminhar que destina a encarar.
                Todo o poeta é muito sentimental e, quase sempre, prefere sair em desvantagens a ter que fazer alguém sofrer. O poeta ainda se consola com o dom de; por meio de poemas, poesias, mensagens sentimentais e pensamentos profundos, revelando ao mundo todo o seu sentimento da alma! Mas quem não teve este privilegio de ser como nós, os poetas, de botar para fora do coração magoado, toda a carga sentimental da alma por meio da escrita?! Há que sofrer até a morte! Chorar é a única saída, para os que não são dotados do espírito poético... Pois quem ama padece por amor. E quem chora, descarrega com o lamento da alma, nas lagrimas do coração, toda a tristeza, a angustia e a dor. Dor mais dolorida que já houve até então.
                Sempre adorei me revelar por meio da escrita. A caneta e o papel foram os meus companheiros de sempre. São os meus melhores amigos confidenciais.
                Ser moço?! Ah! Como sonhei com essa fase da vida! Sonhei muito com a minha autonomia pessoal. Mas não é jamais para se colocar em carreira desenfreada com a liberdade para fazer o mal! Queria tanto realizar um sonho! Vencer na vida... Foi o que mais desejei! Só que hoje, ano de 1998, nunca consegui realizar o sonho de ser feliz!... É que nunca fui compreendido! Ninguém jamais me entendeu e sempre fui o culpado por atos não cometidos pela minha pessoa. Todos me acham com cara de saco de pancadas... Sou o alvo preferido pela infelicidade e desilusão.
                Trabalhei junto com meu irmão na roça de nosso pai, desde os oito anos de idade. Como nunca gostei de ser chamado a atenção, de reclamações quanto a serviço mal feito, sempre procurando fazer o trabalho direito, ia permanentemente para trás. Isto é, ficava atrasado de meu irmão e do próprio pai, é claro. Meu irmão, para se sair na frente e ganhar elogios e fama do pai, fazia tudo mal feito, e, mesmo assim, sempre ganhava o troféu. Mas eu que!... Eu que fico para trás procurando fazer tudo direitinho, só ganho má fama?! O pai chega e logo vai dizendo asperamente:
      “Além de preguiçoso, mole... É um porcalhão”! O mais novo segue a frente fazendo o trabalho bem feito!...
                Meu Deus! Será que... Ele não vê realmente quem é quem?! Será que não consegue enxergar de quem é o serviço mal feito?!... Não olha quem de nós dois está fazendo o trabalho imperfeito ou pela metade?! Ou será que sou o burro de carga e o bode expiatório ao mesmo tempo aqui?...
                Tenho trazido uma revolta muito grande dentro de minha alma angustiada!... Não há ninguém que me enxergue neste rebelde mundo, como pessoa humana?! Os outros fazem o mal e sou eu quem presta as contas?! Até quando servirei como escudo, levando os golpes da incompreensão e da ingratidão das outras pessoas?
                O tempo passa... E como passa! Tudo se vai neste mundo. Tudo se acaba para sempre um dia... A ruindade de alguém, que sempre é militante atuante nesta vida, também irá desaparecer permanentemente. Queira sim ou não. Um dia sumirá de vez para nunca mais voltar à tona. Só que a humildade dos poetas, que nem sempre é vista ou reconhecida nesta vida, depois de sua morte perdurará para a eternidade... Não há coração mais amoroso e humilde que o dos poetas! Eles sofrem calados... Só se expressam através da sua misteriosa e enigmática letra.
                Sem apoio nenhum, começo minha luta pela vida... Tendo que suportar as adversidades desta vida que sempre me foi ingrata. Por não tolerar nenhum tipo de desfeita, gozação, engano ou traição, é que sempre pareço ignorante neste mundo ingrato!... Sou e vivo alheio aos atos perniciosos dos profanos. E por isso sofro por ver tantas maldades, intolerâncias, mentiras, enganos e traições!
                Abusado de ver as discussões dentro de casa... Meu Deus! Por que a paz me cerca aqui? Só há guerra entre a família?! Ninguém entende mais ninguém?! Só existem rixas e ódios...
                Isso é o que mais me fez viver com um sentimento profundo no coração. Tanta intolerância! No meio de tudo isso vivi e ainda vivo...
                Agora, depois de uma terrível briga, minha família se divide... Minha mãe foi embora?! Meu Deus! Quanta desgraça! Onde está o amor verdadeiro neste lar?! Para onde se foi aquele voto feito, por este casal, diante do altar divino, ao jurarem que viveriam unidos para sempre; na alegria, tristeza, saúde e na doença?! Este juramento fora feito diante da igreja, do sacerdote e do Deus Altíssimo... Mas e agora como fica isso?...
                Nestas circunstancias, existem tantos filhos!... Quantos descendentes destes casais desfacelados, que um dia juraram falsamente, hoje sofrem amargamente neste mundo de esquecimento e ilusões?! Filhos que vêm os seus queridos pais brigarem se separarem para sempre! Filhos que vêm o pai bater na mãe... Às vezes fazer sua mamãe ir dormir no mato ou na rua... Trair a sua mãe... Matar a sua mãe?! Isso é normal ou natural? Nunca! Isso é um mundo de tirania perpetuada por negligencias humanizadas pelos seres desnaturados e irracionalizado de ignorância!
                Também há filhos que vêm a sua mãe maltratar o pai! A mulher que trai o esposo e... Filhos que presenciam o pai os ter de abandonar chorando, indo-se para sempre, por ter sido pego no engano da traição da esposa... Filhos que têm o desprazer de verem o seu pai caído pelas calçadas e sarjetas da cidade, bêbado, embriagado das desgraças lançadas contra ele num momento... Quantos deles mendigam por causa de um mau casamento! Sofrimento para todos, pai jogado e filhos pelo infortúnio do desastre matrimonial. Um mal que poderia ter sido evitado bem antes de os filhos existirem, ou mesmo antes da união conjugal.
                Por tudo isso é que há homens descontrolados... Desgostosos por uma traição da esposa, vivendo jogado pelas ruas e estradas, afogando as suas magoas de uma maneira extravagante nas bebidas. Por terem sido traídos pelas esposas, estes homens esmolambados, ficaram alucinados, passando a se embriagarem os filhos muito sofrem por tudo isso. Quem sabe ficam até calados, engasgados pela angustia de estarem nas profundezas de um abismo interminável e sem volta. Pais separados, famílias divididas e... É demais! Um caminho mal começado só acaba no deserto tenebroso de uma vida desabonada e inimiga do amor.
                Daí eu dizer nestes meus lamentos sentimentais, que hoje no mundo, há tanta maldade meus amigos! Não tem mais nem como relatar tudo o que vem ocorrendo em certos lares e famílias! As pessoas simplesmente não mais se entendem! Não querem olhar para além de sua própria pessoa. Acham que só elas sente dor! É sim! Somente a sua pessoa sente dores. Os outros que se danem! Que se explodam! É o que a maioria, ou uma grande parte, dos humanos pensam, fazem e acham que é certo. Nunca olham por seu semelhante e, tão pouco os próprios filhos.
                Na minha casa não tem sido diferente. Só não é igual por causa da traição, bebedeiras, jogos e nem tão pouco orgias que não existem entre meus pais! Minha maior tristeza, minha cruz de cada dia, é ver que brigam por coisas insignificantes desta vida. Com os ciúmes e as intolerâncias... É claro que vão sempre viver de constantes contendas. E como se desentendem meu Deus!
                Quem me dera ver a paz tão almejada dentro do meu lar!... O meu sonho! Só que... Que bom seria, estar feliz ao lado de minha família unida?! Quão maravilhoso ver os meus ascendentes vivendo em harmonia para sempre?!...
                Mas para mim, o jeito foi sempre viver de sonhos e sonhar... Sonhar com mundo ornamentado de rosas e perolas! Sonhar com a felicidade, a paz, o amor e a harmonia familiar!
                Como são alegres, felizes e realizados os filhos de pais que se amam e vivem com todo o amor verdadeiro e puro! Como é linda, uma família, onde não existam as desavenças, os ciúmes, as traições, a falta de vergonha e amor e nem tão pouco as bebedeiras!... É como um jardim florido! Do qual só exala o carinho, o amor e a paz sublime e serena.
                Onde há paz, só existe e reina o amor real! Onde se tem o amor, existe o domínio de uma plena harmonia! Onde reina esta harmonia, só haverá felicidade! E onde se encontra a felicidade, predomina e reina a vontade do Criador das almas, e, não há o que se dizer de brigas, ciúmes e divisões, só perdura o espírito do seu amor. Não existem as guerras, aonde permanece a paz. Bem como não o que se falar sobre os ciúmes, tristezas, amarguras, inseguranças e desavenças! Onde o Divino Supremo é respeitado pelo casal, que cumprindo fielmente o voto feito diante do “santo e sagrado Altar”, é um exemplo de vida em família.
                Por conseguinte, quantos e quais os casais que pensam nisso?! Acho e posso dizer que são muito poucos em todo o planeta.
                Depois de uma temporada; uma briga entre genro e sogro, finalmente minha mãe volta para casa! Mas nem ainda houve o perdão> tudo me parece uma eternidade!... Meu Deus! Quanta dureza de coração! Que falta de amor!... Por que não perdoar?! Se não houve tantos motivos?! Não foi traição, mas um pouco de falta de consideração!... Uma falta de vigilância. Isto sim!
                Quantas vezes, o pai é um tanto sistemático e não gosta de ver sua palavra ser desrespeitada! E por ignorância, ou capricho quem sabe, a esposa não entendendo bem a natureza do esposo; sendo, em outras palavras, teimosa e birrenta, faz com que tudo comece! Por exemplo:
      Mulher, não vá hoje à casa do teu pai! Estamos com muito serviço a ser realizado por estes dias!... – diz o esposo - deixe para depois da colheita da nossa lavoura de algodão, então poderás ir à vontade!
                Mas não! A mulher de teimosa e sem compreensão vai, sem ao menos dar uma satisfação ao esposo, que por sinal ainda está na roça sem saber de nada. Se fosse pelo menos perto?! Não seria tanto problema. Mas isso era em outra cidade longe!... Quem sabe deixando trabalho por fazer! Ou mesmo, deveria auxiliar o esposo, que está apurado com a colheita do algodão?! Por causa disso, uma guerra explode num lar! Tudo é destruído em questão de segundos e!... Quem poderá o reconstruir? Ninguém mais! Tudo voa pelos ares, como a fumaça de uma poderosa e traiçoeira bomba, a espalhar terror, a angustia, o desespero e o tormento aos corações dos integrantes daquela família! Mas principalmente aos seus descendentes e dependentes. Tudo fica ao sabor do além da dor.
                Foi por causa de uma bomba dessas, que hoje trago as marcas do sofrimento, que tive de presenciar a destruição repentina e terrível, ainda que por pouco tempo, do matrimonio de meus pais no fim do verão de 1978! Aqueles quinze dias que ficaram separados foram como quinze anos! Pareciam infinitos, aqueles dias de solidão!
                Aqueles dias foram como meses!.... Pareciam intermináveis... E muitas e serias conseqüências viriam depois deles. E até ameaças de morte! Desentendimentos terríveis e uma triste tragédia na minha saúde estavam prestes a chegar. Tudo que se planta aqui nesta vida, ruim ou bom, aqui mesmo... Nesta mesma vida é feita a colheita. Não para onde se escapar! Quem fizer o bem, irá colher tudo o que é bom e agradável para a sua vida e as dos seus familiares. Mas quem fizer o mal, só irá desfrutar os terríveis resultados que se abaterá sobre si e os seus filhos! Quem apronta aqui, aqui mesmo pagará a sua pena.
                Os filhos pagam pela falta dos seus pais, com o sofrimento do abandono. Os pais pagam por suas culpas no sofrimento dos seus filhos, que ainda sob a responsabilidade deles, são acometidos por desgraças neste mundo de reviravoltas.
                Não há coração de pedra que não se desmanche em água, quando vê um filho perdendo a vida! Ainda que durão, cheio de razões, a pedra amolece e se quebra!... Ante uma grande e triste sena de agonia de um filho a desfalecer, apagando-se como uma velinha em dias ventos... Não há quem suporte, por mais sagaz e cruel que seja, a menos que esteja sob os efeitos de drogas; não existe humano algum que permaneça indiferente vendo um ente seu sendo consumido por uma doença, acidente e enfim... Em coma profundo sem as mínimas chances de vida, segundo os médicos presentes!










MINHA SAÚDE;

CAPITULO III.

                Como é belo o desabrochar de uma flor! Que maravilha, quando a roseira começa a soltar os primeiros botões!... Tudo para e aprecia a beleza e a gloria de uma flor a desabrochar! O jardineiro, que é zeloso e cuidadoso, faz de tudo para que cada espécie de flor possa se desenvolver e colorir o seu jardim.
                Pois, como se dá com as flores, assim mesmo é a vida de um adolescente... Prestes a desabrochar para a maturidade, o homem ou a mulher, sonha com sonhos maravilhosos o futuro de sua vida. e como a flor, que é tão frágil, os jovens merecem todo o carinho e a atenção das pessoas mais idosas. Como a flor, que para ser viçosa, depende do zelo e da atenção do jardineiro, os moços e as moças adolescentes não são diferentes. São flores a desabrocharem! São cessíveis à vida... É ai que mais dependem e precisam do apoio do pai e da mãe. Juntos, os pais darão todos os meios cabíveis de um futuro de progresso e realizações aos filhos.
                Mas se os pais dão maus exemplos?! Ao invés de zelarem com amor e carinho dos adolescentes, os espantam com as suas ignorâncias?! Se não os batem ou largam-nos as soltas, vivem brigando desrespeitosamente diante dos mesmos! Separam-se!... Xingam-se!... Esmurram-se... Um é covarde com o outro, não tem consideração, amor e nem respeito ou papas na língua...
                Os casais que não procuram resolver os seus problemas com paciência e, sempre quando houver que discutirem um mal entendido em cônjuge, que o façam longe dos filhos, mesmo dos mais adultos. Assuntos de pais se resolvem entre os pais e nunca diante de filho algum. Tudo isso prejudica a boa formação moral e espiritual de um jovem, adolescente ou criança. Eles poderão se tornar em pessoas completamente revoltadas, e, muitas vezes, praticarem atos indecorosos e crimes de qualquer índole.
                Mas o porquê de tudo isso que acabo de citar? Como tudo poderá acontecer de mal? Alias! É claro! É evidente que nem todos vão se deixar levar pelos maus tratos e maus exemplos, de quem quer seja indo para o precipício da existência! Mas serão pessoas magoadas e sofredoras por esta terra por onde quer que ande. Não poderá, nunca e jamais, serem felizes. E trarão sempre as marcas profundas em suas almas. E uma marca na alma não se apaga tão fácil!
                Eu que tudo isso vivi, venho narrar estas palavras para que tantos quantos sejam filhos nestas circunstancias, possam se consolar ao verem que há mais alguém na mesma situação. Existem mais sofredores neste mundo!
                Tenho trazido as marcas da falta de compreensão dentro de minha própria família. Só presenciei brigas, intolerâncias e desentendimentos entre meus pais!
                Aos dezesseis anos, como todo pré-jovem, sonhava com a felicidade! É nesta fase da vida que o adolescente começa a acordar para a vida amorosa... Começa a conhecer os seus próprios sentimentos. Vê que caminha para as grandes paixões desta vida... Foi aí que presenciei não um mundo ornamentado de rosas, mas espinhos a me furar a pele!... Presenciei foi um mal terrível a me assolar.
                Não tive a felicidade de antes ver meus pais unidos num verdadeiro amor e, darem-me a mão e me prepararem melhor a um futuro cheio de emoções, uma briga feroz os fez se pararem um do outro!... Era-me como o fim do mundo, se ainda era só o começo?! Foi um desastre total para mim...
                Naquele dia... Como hoje, ainda me lembro tão bem em minha memória, parece que foi há poucos instantes! Minha mãe chega de viagem da casa do pai dela, o meu avô que morava em outra cidade. Em casa havia ficado; eu, meu irmão e minha irmã. Ou seja, os três mais velhos. Éramos naqueles dias em seis irmãos; quatro meninos e duas meninas. Seguindo a seguinte ordem; dois meninos, duas meninas e dois meninos. Mais tarde nasceriam as duas irmãs mais novas. Isso, depois de muitos trancos e barrancos.
                Eu sou o mais velho dos irmãos que, ainda naqueles dias, estava com a pena 13 anos de idade. O segundo depois de mim tinha 11 anos e a irmã, a terceira da fila, tinha 9 anos. Enfim, estávamos os três com o pai em casa.
                O nosso pai também estava naquele momento conosco em casa... A mãe tinha passado uma semana com os pais dela, juntamente com meus irmãos menores. Ao chegar, em nosso lar, ela foi surpreendida com palavras obscenas e rudes... O homem pegou uma espingarda e saiu ameaçando... Tomou um rumo ignorado e, depois sumiu... Quanta dor!... Quanto sofrimento!
                Momentos antes, ele cantava conosco uns cantos sacros... Tinha prometido muita coisa para mim e os outros dois irmãos. Deveríamos estudar e nos formarmos em nível superior e iríamos embora para a capital paulista. Estava livre de maiores despesa?!... Enfim, antes era uma coisa e, agora, um desastre?!...
                Sua palavra deveria estar de pé, pois havia dito antes para a esposa, nossa mãe, que se não voltasse logo para casa, então jamais deveria retornar! Ele não a aceitaria sob circunstancias algumas da vida, jurou. Mas, ela acabava de voltar para casa neste momento?!
                Muitas lágrimas eu vi nos olhos aterrorizados de minha mãe!... Chorávamos muito também. Ela entrara no quarto e, chorando arrumou toda a roupa que pode em malas e sacolas, tudo desordenadamente! Pois não tinha mais muito tempo! Fora dado somente alguns minutos de prazo! Se não saísse a tempo, naqueles poucos instantes dados, levaria a pior... Quem sabe um tiro!...
                Aos soluços, ouvi-a chamarmos um a um. A nossa irmã e companheira dos dias de solidão, estava decidida a sumir com a mãe, a ficar conosco e o pai?!... Será que realmente ficaríamos?! Um profundo e terrível silencio se fazia agora... O ranger das portas do guarda-roupa, das malas e coisas mais!... O soluçar de todos nós ecoava como uma orquestra distorcida com sons mudos e sufocada pela derrota duma batalha!... Da mãe ouvia-se a voz embargada dizer:
      Meus filhos! Venham comigo! Vocês estão grandinhos e poderão ajudar-me a cuidar dos menores! Vamos embora para debaixo de uma arvore... Não fiquem aí com este ignorante! Vamos comigo! Irei agora de volta para a casa de vosso avô, o meu pai... Já é quase noite! Mas ainda há um ônibus tarde da noite para lá. Vamos?! Dizia ela...
                Antônio e Gilberto Sanceí, dois irmãos adolescentes inseparáveis... Ouviam tudo e, viam o desabamento do lar, sem dizer nada estavam como mudos!... A voz encalhou-se em nossas gargantas!... Não tínhamos forças para mais nada! Olhávamos um ao outro... As nossas lágrimas rolavam até o chão!...
      Mãe! Nós vamos ficar!... Temos que estudar mais... Amamos a senhora, os crianças e também o pai... Como ficaremos agora?! Não sabemos o que queremos! O mundo gira em nossas cabeças! Como poderemos saber o que é certo agora? Se o mundo acaba de desabar sobre o nosso viver?!
                Horas amargas passei junto com o Gerds! Pois, não tínhamos dinheiro para ir embora com a mãe e os irmãos menores! Então, já bem escuro, ouvimos os sons dos seus passos silenciarem na calada da noite! Só os grilos cantavam, procurando da maneira deles, para nos consolar?!
                Como caminhava, nossa mãe, com crianças pequenas e ainda as malas e sacolas? E o pior, era uma noite sem lua e muito escura! A lua havia, por condolências a nós, havia sumido na imensidão do infinito. Quanta desgraça!
                Cadê as juras de amor, feitas perante o servo do Senhor em seu Templo Sagrado? Como juraram diante do Altar Santo, viver um para o outro; na dor, na alegria, na tristeza e em momentos delicados?! Como poderá ficar um casal desses, diante do Altíssimo? Tamanha injustiça, desordem e pecado! Pois as adversidades ruins dessa vida são fáceis de serem feitas nulas com a união perfeita, a fé, a oração e procurando honrar o Divino Supremo. Basta procurar ser e viver humildemente como ensina os Sacerdotes do Senhor.
                A família é parte do reino do Criador nesta terra. E é por meio da família que Deus abençoa o homem. É com esforço de se entenderem, na vida conjugal, que as lutas são vencidas facilmente. Não é impossível alcançar a solução dos problemas na vida se os dois, o esposo e a esposa, buscarem uma saída mais sábia. Não será com ciúmes, brigas, a falta de considerações e amor que um casal vai viver feliz com seus filhos, preparando-os para o futuro! Quando tudo isso só traz a desgraça para toda a família!
                As noites se tornaram um terror!... Não tínhamos alegria nenhuma, mais. Era como que a nossa mãe houvesse morrido, levando consigo os nossos irmãos menores!... Tudo havia se tornado em tédio.
                Eu sempre fui sentimental, por isso muito mais padeci! Com a alma angustiada, cheia de dor e tristeza, não mais sentia prazer pela vida!... Tudo para mim se acabara ali mesmo!
                Meu Deus! Tenhas compaixão de nós! Venha nos socorrer, oh Divino Criador! Quero, oh Virgem Maria, que a Senhora Santa mãe eterna, nos dê de volta a nossa mãezinha!... Sei que para a Santa Mãe de todas as mães, vir ao nosso encontro, trazendo a sua filha, nossa mãe e irmãos é fácil! Basta para isso merecermos este privilégio e... É preciso que a fornalha seja apagada primeiro. Posso compreender que tudo é possível a Mamãe Celestial! Por isso, me ponho de joelhos e peço-te a felicidade de volta a nossa casa! E, especialmente, a mansidão aos dois cônjuges! Que a compreensão entre nos corações de ambos! Que não haja mais brigas e contendas entre os nossos pais. Sei que não tardarás em me atender! Tenho toda a certeza de que estás a me ouvir. Quero que todos os males se retirem para bem longe do nosso lar! Ainda que meus pais não mereçam tanto das vossas bênçãos, oh Virgem Maria, Rainha Imaculada, venhas a mim!... Estou ansioso pela paz e o amor!
                Agora só posso ter a Mamãe Celeste, aquém posso reclamar e pedir as coisas desta vida... Aí é que um filho sabe a dor de não mais poder contar com os carinhos e o amor da mãe querida! Quantos filhos, que tendo ainda as suas mães não sabem dar o devido valor ao amor e carinhos delas, enquanto as têm consigo! Eu que, ainda não perdi a minha, não mais a tenho comigo, vivo um terrível desespero!... Foram momentos amargos e angustiantes, aqueles em que tudo se desfez, como uma fumaça no cair do crepúsculo! Parece que o mundo se desmoronou sobre minha cabeça!... Que horror! Que tristeza! Aquém mais chamarei de mãe?! Aquém me dirigirei chamando de mãe, quando precisar de algo que só ela poderia me dar?! Ah! Como tudo pode acontecer assim?! Uma casa, que parecia bem construída, ser levantada e levada pelo vento da ignorância e se espatifar pelo mundo afora?!
                Quinze dias se foram, como se fossem quinze anos. O meu avô veio se encontrar com meu pai... O encontrou em uma estrada, estava de ida a cidade. Meu pai estava indo de bicicleta, distanciava cerca de 3 km, quando se encontraram, os dois. A principio conversaram pacificamente, pelo menos foi o que parecia. Só que depois um pé de guerra se levantou entre genro e sogro! Maltrataram-se muito com palavras e insultos... Depois de tantas discussões, ameaças e coisas mais... Finalmente estava resolvido, aparentemente aquele assunto... Mas sem antes o genro voltar em casa se armar e ir encontrar-se novamente com o sogro na rodoviária, aí fazer novos desafios, querendo realmente uma batalha! Houve então as ameaças de morte a meu avô. Mas a Santíssima Virgem Imaculada pôs suas santas mãos e não deixou nada de mais grave acontecer aos dois. Finalmente aquela conversa, entre os dois, ficaria adormecida como o fogo em um monturo, onde se aparenta apagar, mas queima por baixo. Essa fala entre os dois, um dia teria que retornar! E de uma maneira muito diferente e dolorida. Quem planta abrolhos só colherá espinhos! Ou será que colherá maçãs?
                Finalmente, um dia chegávamos de um passeio com os amigos em casa, lá estavam minha mãe, irmãs e irmãos menores. O pai estava... Não sei aonde. Só sei que também havia saído de casa e, quando a minha mãe chegou com as crianças, ele não tinha chegado ainda.
                Para mim e meu irmão foi uma alegria imensa, ter nossa mãe de volta junto com os irmãozinhos menores! Eu havia tido um sonho no qual vi minha mãe voltando. E isso se deu antes de meu avô vir conversar com o meu pai para que voltassem a viverem unidos. Numa visão eu via minha mãe e irmãos voltarem para casa. Só que nunca eu havia contado para meu irmão e muito ao pai, seria uma tragédia para minha pessoa! Poderia até apanhar!
                Na tarde em que nossas felicidades voltaram, lembro-me como agora, enquanto nosso coração se alegrava, o pai chegou... Só que quando entrou em casa, pegou panelas, roupas e coisas mais, indo se alojar em paiol que havia em nosso quintal.
                Morávamos em uma chácara, onde tínhamos farturas de todas as espécies! E vi, tantas vezes, brigas dos dois. Meu pai queria vender a terra. Isto foi antes do pior ter acontecido, como acabo de relatar.
                Transcorria o ano de 1978, final de janeiro, quanto aconteceu essa separação dos meus pais. E, mais ou menos, em meados de fevereiro voltaram a viver juntos novamente, ainda que de fachada. Estava prestes a nascer a irmã mais nova do grupo, a Rose Sanceí. Quando minha mãe foi embora estava no principio da gravidez. Em pouco tempo já apresentava os sinais da gestação.
                Os dias e meses se passavam... E o homem não amansara de maneira nenhuma! Arranjou uma fotografia de uma mulher nua e, para provocar minha mãe, colocou-a em um armário bem visível, aonde que chegasse a nossa casa via-a de cara... A mãe rasgou-a furiosa, mas sem pensar no que estava armado com aquela foto indecorosa! Foi outra briga feroz e sem precedentes!... Todos os outros irmãos já haviam ido dormir, ficando os três mais velhos acordados até mais tarde, na noite em que a tal fotografia fora rasgada pela mamãe. Fui fechar a porta, pois fui o ultimo a ir se deitar. Fui surpreendido com alguém segurando a porta pelo lado de fora! Quem seria? O pai já havia se alojado lá em  seu dormitório executivo, um paiol!... Tentei novamente... Alguém segurava a porta mesmo por fora, era meu pai que nos sondava. Tinha montado campana na porta da cozinha, na espreita de todos nós dormirmos e, só depois, dar uma surra em nossa mãe. Larguei da porta e fui me deitar, já era tarde! Nem imaginávamos o que estava armado contra a nossa mãe naquela noite. Mas a nossa irmã mais velha, a que havia ficado conosco da primeira vez, estava desconfiada e não dormiu! Ficou acordada, pensando não sei o que, apreensiva pelos fatos que estava se dando naqueles dias com nossa família. O pai não dormia mais em casa! Ficava amontoado em paiol, cozinhando e curtindo suas magoas... Neste dia, finalmente, resolveu se vingar, após a foto ter sido rasgada, o que foi mesmo uma cilada que havia usado para tal fim.
                Entrou de surpresas no quarto da mamãe e começou a agredi-la com socos e esbofeteadas, começando a enforcá-la... A menina, que fingia dormir, levantou-se apavorada chorando e, assombrada, olhava aquelas cenas obscuras de uma fúria incomparável... Algo fora dor normal estava acontecendo ali?!... Ao ver o desespero que se instalava nos olhos da adolescente e, por estar sendo muito agressivo, a menina gritando, poderia acordar não somente os outros filhos, mas toda a vizinhança. Então, largou sua brutalidade e sumiu... Indo para o lugar onde curtia suas magoas.
                Foi muito difícil se chegar ao controle total da situação. Ou seja, não foi nada fácil se chegar a uma mínima pacificação, ainda que aparente. Porem, aos poucos tudo foi voltando ao seu normal. Depois de meses, começaram a se falar... E, finalmente, em 16 de setembro de 1978 nasceu a Rose Sanceí. Tudo, finalmente estava bem de novo. Só que não tínhamos mais nenhuma confiança na boa vivencia dos dois. Não nos inspirava nada de segurança. Não era de se duvidar, novas brigas e coisas assim poderiam aparecer a qualquer momento! Onde existe a desconfiança, não mora a felicidade e segurança familiar! Onde há os ciúmes, só tem brigas e desavenças! Como poderão existir paz e harmonia num lar onde mora a desconfiança e a falta de amor?! Nunca e jamais! Assim nada é possível.
                Ora! Quem ama confia! Quem confia vence! Quem vence é feliz! Quem é feliz não traz infelicidade aos filhos e a mais ninguém! Não foi o que foi o que prometeram diante de sua igreja?! Não juraram viver somente uma para o outro?! E se vivem um para o outro não pode haver nada de desconfianças! Pois nenhum dos dois irá ser infiel ao outro! Devem os dois, terem a certeza da felicidade de um para com o outro e para com os seus filhos e familiares próximos.
                No livro sagrado está dito por Jesus Cristo, Senhor da igreja e nosso redentor o seguinte:
      Desde o principio Deus os criou macho e fêmea, homem e mulher... De maneiras que cada homem deixará seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher. E será os dois uma só carne; e assim já nã serão os dois, mas um só. Por tanto, o que Deus ajuntou, uniu, não separe o homem...
                Aí se vê que se todos os casais respeitassem o santo mandamento, não haveria o que existe no nosso mundo atual! Se ao menos as pessoas religiosas ouvissem e respeitassem, não só os mandamentos, mas quem os deu! É... O mundo seria outro bem melhor. Éramos todos felizes! Ou pelo menos a maioria das pessoas o seria. Não haveria ciúmes e desconfianças, pois não tendo traições e enganos entre os casais, todos viveriam de bem com a vida! Não tínhamos, nós que nascemos para ver brigas e desentendimentos entre nossos pais, nunca presenciaríamos uma destruição de nossa família jamais! Não se teria nesta vida, ninguém com a alma marcada pelo desprazer da infelicidade reinante no lar.
                Há pessoas que precisam sofrer castigos muito grandes para chegarem a uma conclusão de que estão erradas, em suas atitudes e decisões de suas vidas ignorantes e ignoradas. E, como sou um ministro em minha igreja, sempre quis servir a Deus de alguma forma. Isso eu consegui depois de lutas e buscas constantes para tal fim... Com muito carinho, digo ao amigo leitor: “Deus cobra tudo que fazemos de errado nesta vida”. E ainda mais de nós que vamos à igreja de continuo orar e louvar!... Talvez nem respeitando nosso irmão do lado... Não dando ouvidos, quem sabe, aos mandamentos divinos. Quebrando a fé cristã...
                Uma pessoa é ou deixa de ser! Você nunca poderá estar em dois lugares ao mesmo tempo! Ser cristão e ateu ao mesmo tempo. Nunca houve meio termo neste sentido! Como poderá uma criatura querer gozar das bênçãos que Cristo dá a igreja, sendo que em casa, no seu lar, com a família é um desastre?! Vive aos trancos e barrancos! O mínimo detalhe da vida traz motivos para controvérsias?! Jamais se consegue algo sem ir buscá-lo! Nunca se chega a lugar nenhum, sem caminhar! Ninguém conseguirá navegar em duas canoas ao mesmo tempo. Ou seguirá numa e abandonará a outra ou então ira para o fundo da água, ficando sem nenhuma! Assim são os caminhos da vida.
                Aí entra a justiça do Supremo. E foi o que aconteceu conosco naqueles dias sombrios. Com a minha família. Houve um longo período de ódios do meu pai em relação ao meu avô. Encontravam-se na igreja, pois freqüentavam a mesma congregação, eram da mesma comunidade. E na região onde a gente morava só havia uma igreja da comunidade em um raio de uns 70 km. Encontravam-se lá, mas nunca se falavam! Com tudo, os anos passaram... E bem de pressa tudo seria cobrado por Deus e seu filho, Jesus Cristo.
                Dezembro de 1980 chegou. E junto com aquele verão chegaria também um mal muito súbito! Ele atacaria primeiro a minha mãe. O que aconteceu em meados de dezembro. Sem antes dizer que durante pouco mais de dois anos, nem nós íamos à casa de meus avós e, tão pouco eles vinham a nossa.
                Uma doença atacou a minha mãe, colocando-a numa cama por todo o final daquele mês de dezembro até meados de janeiro. Minha mãe ficou a ponto de morrer, mas meu pai nunca a levou a um médico. Isso não era por que não tinha recursos! Nós tínhamos carro e morávamos a uns dois km da cidade. Não tinha nenhuma desculpa para não leva-la para fazer uma consulta... Fiquei muito indignado com aquilo! Via minha mãe cega, não se alimentava com mais nada... Não conseguia sair de casa. Mas mesmo assim se arrastava até a cozinha para fazer algo para nós que éramos, na maioria, ainda pequenos. Quer dizer, cozinhava e lavava alguma roupa... Parece uma mentira! Mas ninguém da família, tanto da parte dele ou dela, fora avisada do que se passava em casa! Minha chegou a um ponto de não mais levantar-se da cama, nem mesmo para ir ao banheiro fazer as necessidades fisiológicas. Fazia no seu próprio quarto... Não gosto nem de me lembrar disso que vivemos naqueles dias!...
                Muitos se passaram, até que finalmente... Ela começava a melhorar! Mas isso foi graças a sua fé em Maria Santíssima, nossa santa protetora. Eu e minha mãe, sempre a devotamos. Desculpem-me os que não a reconhecem! Mas quem não acredita nesta mãe tão bondosa, mãe de nosso Jesus, não acredita ou aceita também ao seu filho... E foi graças a nossa fé em Maria Santíssima que minha mãe começava a dar os primeiros passos, com tanta dificuldade, segurando pelas paredes da casa. Finalmente, depois de mais de um mês de permanência na cama, parecia que estávamos vencendo a doença de nossa mãe. Por fim, não morreria como pareceu até então.
                Outrossim, em um 07 de janeiro de 1981, estava trabalhando na roça com meu irmão e companheiro, o Gerds, ansioso de que o outro dia chegasse logo! Seria domingo e íamos adorar a Virgem Santa em sua igreja! O Gerds, meu irmão, também sempre foi devoto da Virgem, como o é até hoje, e ia comigo naquele domingo até o templo para adorá-la.
                Tudo estava bem até a noite daquele sábado, 07 de janeiro de 1981, até a manhã do domingo, 08 de janeiro de 1981. Não senti nada de anormal quanto a minha saúde até a nossa volta do Sagrado Templo da Virgem. Depois de agradecermos a nossa Mãe Celestial, retornamos feliz para nossa casa que, afinal ficava a uns 20 km de distancia. Estávamos de bicicletas. No caminho de volta, tomamos uma forte chuva e, sem ter aonde nos escondermos, quase que levamos todo aquele aguaceiro todo às costas! Já cheguei começando a sentir um pouco de febre. Minha mãe, que ainda não estava nada boa, fez-me algum chá de ervas caseiras, mas de nada valeu.
                Todavia, a partir daquele domingo a tarde, comecei a me sentir muito mal. Não tive mais disposição para nada. Aquela noite já me foi um terrível pesadelo. A febre não mais me deixava em paz. Passavam os dias; 08, 09, 10 e... Nada de melhora?!  Só piorava a minha situação?! Comecei a tossir tanto! Mais tanto, mesmo ao ponto de ter a sensação de que iria explodir ao meio!... Iria morrer?! Em compensação a febre só aumentara. Minha mãe, como qualquer mãe amorosa, mesmo com a sua saúde tão abatida, buscava de todas as formas um remédio para mim, que por cima nem me alimentava mais. Minha garganta virou-se uma só ferida!... Meus olhos... De tanta dor, os meus olhos já não suportavam mais a claridade, por pouca que fosse. Mesmo o claro de uma lamparina de querosene... Era-me um suplicio! Ouvi minha mãe dizer ao meu pai;
      Leve esse menino ao medico!... Ele está cada vez pior! Não vês? Não come mais nada já faz dias...
                Mas, nada!... Até parece uma brincadeira! Mas meu pai não ligava muito pela saúde dos filhos. Não se era por andar muito ocupado com o trabalho duro e cansativo da roça?! Ele via que eu estava morrendo dia após dia... Ou fingia não ver o que acontecia?!
                Comecei a delirar... Andava perambulando, toda a noite, por dentro de casa! Via pessoas estranhas... De outro mundo?! Minha mente ficou danificada. Não conseguia pensar em mais nada! Tudo ao meu redor virara em puro inferno!... Era só sofrimento, agonia e dor! Minha vida havia se tornado em tormento de um instante para outro?! Nem ainda tinha começado a viver!... Mas, e agora? Não haveria mais tempo e aquém recorrer para uma possível sobrevivência?! Uma flor, ainda em botão, acabava de entrar em processo deterioração tão prematura.
                Minha mãe muita devota, ouvindo as palavras santas e ungidas de um Santo Bispo no radio, o que o fazia desde muito tempo. Procurava-me sempre para levar aos pés do receptor para que ouvisse com ela os conselhos daquele homem santo de Deus, que por sinal, parecia saber de tudo que estava acontecendo comigo!
                Em meio a tanta dor, perturbação, angústia, agonia, terror e sofrimento... Ainda conseguia me dirigir com tanta fé e devoção a minha Santíssima Mãe Virgem Maria... Esta era a Santa que o Santo Bispo invocava juntamente com outros Santos celestiais... Parecia que aquele servo de Maria me chamava tão carinhosamente para junto do radio, e, assim poder me abençoar em nome dela! O que o fiz por algumas vezes...
                Já era quinta feira, dia 12 de janeiro de 1981, caminhei, bem na hora da oração da tarde, fui até onde estava o radio ligado aos pés da cama de minha mãe... Juntos, minha mãe e meu pai me observaram chegar... Ah! Agora eles viram algo estranho em mim!... Aquele jovem vinha caminhando, qual um cego agonizando em busca de forças para viver... Pelo menos um pouco de ar!... Pelo menos um pouco de misericórdia... Vinha tropeçando nos moveis e paredes da casa! Andava cambaleando, quase caindo de fraquezas... Não conseguia mais alimentar-se.
                Enfim, cheguei próximo daquele instrumento usado pelo nosso santo Bispo para nos abençoar e falar-nos do amor da Virgem... De joelhos ao chão acompanhei toda a oração com reverencia e muita fé no coração. E assim ainda, consegui na sexta feira 13... Mas seria minha ultima vez?! Eu conseguiria repetir isso por quantas vezes?! Seria possível?
                Um segredo eu revelo aqui, a todos que lerem este meu livro. Àqueles que são incrédulos a nossa fé nos Santos de Deus, lá nos Céus, revelo tudo o que vi naqueles dias amargos e terríveis pelos quais passei. Talvez tenha sido minhas culpas e falhas para com a minha fé?! Ou, quem sabe, para que com o meu sofrimento, haver uma prova para mim mesmo e para os meus pais, que viviam aos trancos e barrancos?! Também para mostrar ao mundo, quem sabe, como devem as pessoas temer a Deus, fazendo em tudo a sua santa vontade, inclusive entre casais!
                Quando me aproximava daquele radio, para de joelhos, receber as bênçãos do Santo Bispo Coutinho, servo de Jesus e do Criador, toda aquela minha agonia e dor sumia! Todo aquele horror e perturbações de maus espíritos saiam! Era-me direcionada uma forma de brisa revelada numa nuvem branca. Esta nuvem saia junto com a voz santa do Servo do Senhor! Conforme a sua voz suave e meiga saia dos alto-falantes do radio, vinha junto, e eu a via e sentia, uma nuvem como uma espécie de cerração bem refrescante e gostosa, tomava conta de mim...
                Aquela brisa, que só eu via e presenciava, tirava de mim todo aquele sofrimento. Só que era tempo relativo à oração daquele Bispo?! E... Terminada a oração, lá estava eu sendo vigiado e seguido pelas sentinelas da dor e da morte?! Vi tanta gente feia!... Não dizer como surgiam das paredes, chão e ares?!... Pareciam estar querendo me levar ao abismo sem fim e misericórdias?! Somente eu sabia o que via, sentia e passava comigo! Mas com tanta fé, coragem e esperanças suplicava, pedia a minha Santa Protetora! Minha Mãe Divina e minha esperança viva, eu assim clamava a ela:
      Oh Santa de Deus! Nossa Mãe Celeste! Oh minha Padroeira! Oh Mãe, tenha misericórdia de mim!... Oh Virgem Santa!... Leve o meu clamor e angustiante de sofrimento ao teu filho, meu Jesus Cristo, ao eterno Deus da misericórdia!... Que eles tenham piedade de mim... Estou quase morto, sem forças para andar e ainda sem esperanças algumas de ser atendido por um medico!... Tenha compaixão deste teu pobre devoto, que no momento se encontra abandonado à própria sorte! Mas, também não deixes abandonado! Eu morrerei... Piedade! Piedade! Piedade... Oh Virgem! Interceda por mim ao Supremo Criador e a teu filho Redentor... Eles, eu tenho a plena certeza, a ouvirão e terão misericórdia de mim... Porém, Mamãe Querida, seja feita a vossa vontade e não a minha!... Que permaneça a vontade Divina, mas não a minha vontade! Sei que sou faltoso para com a minha fé... Talvez seja só uma correção?! E eu aceito. Daí eu vos pedir que seja feita a vossa vontade e não a minha que, não sou ninguém! E não posso decidir e nem exigir nada daquilo que não está ao meu alcance...
                E assim eu fazia as minhas preces, sempre se baseando e crendo no que o Santo Bispo me dizia, eu creio. Dizia ele que a gente deveria orar pedindo que fosse feita a vontade Divina e nunca e jamais a nossa! É claro que se fosse para ser feita a nossa vontade, nunca queríamos ficar doentes, não é mesmo?! Mas... Quantas vezes de joelhos eu fiz como aquele reverendo me dizia para fazer! Fiz até cair entediado pelas doenças e desolação que me assolavam vorazmente...
                Meu pai, apesar de um tanto ignorante ao que estava acontecendo, começou a ver que a coisa era séria. Na noite de sábado para domingo, 15 de janeiro de 1981, fez-me um chá de cocô de cachorros, por que havia a suspeita de sarampo. Eu, de tão mal que estava nada percebi e tomei aquele chá!... Foi como se nada estivesse bebendo, ou se fosse como tomar água simplesmente. No dia seguinte, isto é, no domingo estava ainda pior! Era chegada a hora de morrer mesmo?!...
                Oito dias se passavam desde que à febre, a dor de cabeça e a tosse tomaram posses de meu corpo... No lugar da saúde, a doença era o meu prato naqueles dias de tormentos e agonias! Caí da terra firme no imenso mar... Um mar de torturas e tormentos ultrajantes e sem tréguas nenhumas.
                Ai, eu fui levado! Não ao hospital, mas sim a uma farmácia, para tomar medicamentos. O senhor Antonio, um ótimo farmacêutico da cidade, me aplicou algumas injeções e outros medicamentos, vitaminas na veia e... Alguns comprimidos, que nem me lembro mais, finalmente fui levado de volta para casa.
                Meu Deus! Que horror! A reação foi tão violenta!... Não consegui mais me conter e... Estava tão fraco que aquelas injeções foram qual veneno! Dia 15 de janeiro de 1981, que horror! Fiquei muitas vezes pior que antes! Para quem conseguia andar trombando em tudo dentro de casa, agora já não andava mais!... Delirava em um mundo atormentado por dores atrozes e incontroláveis... Mundo da agonia, sofrimento e desespero! O inferno presente entre os humanos vivos! Gostaria tanto de andar, apreciar o mundo lá fora... Brincar com meus irmãos!... Mas estava preso em um lago de tormentos...
                Ao amanhecer da segunda feira, não via mais nada e a ninguém! Não conseguia andar mais sozinho e... Todos notaram que finalmente o meu dia chegara! Tão prematuramente, aos 15 anos e 9 meses, estaria morrendo sem nenhum socorro?!
                Uma flor que ainda não havia desabrochado caia murcha por terra! Aquele que trouxe o prazer de ser o primeiro filho do casal, o primeiro neto que não via os avós a muito tempo. E, estes, não podiam vê-lo mais e que nem sabiam do que se passava com o neto. Mesmo nem imaginando que estava o mesmo a um passo da morte cruel e traiçoeira!
                Sendo levado agora pelos braços do pai, que tanto o maltratou o coração com palavras, mas que nunca o esquecia, agora vendo a morte insistindo em levar o filho?!... O carrega, não sei como, até o carro para levar à cidade. Agora, sem forças para ver ou andar, quase morto, não sei o que fez! Mas ele me levou até o veiculo, pois para mim tudo não passava da terrível e inerte escuridão! Não me lembrava de mais nada! Não enxergava mais nada! Estava completamente vegetando neste mundo de morte!
                Fui levado até a mesma farmácia. É que o farmacêutico era amigo da família. Quando íamos pelo caminho, só eu e meu pai, ouvi-o dizendo:
      Mas que coisa! Eu queria que hoje você já trouxesse o carro?! Queria ver-te dirigindo, mas parece que hoje ficaste pior do ontem?!
                Nada respondi... Não tinha mais forças para falar. Só agonizava... Uma inquietação tomava conta de minha alma! Ela não suportava mais o peso do corpo amortecido, que pelas doenças, estava prestes a tombar.
                Levado como um morto vivo... Chegou-se finalmente à farmácia ou ao fim das ultimas esperanças?! Ninguém suspeitava do que iria acontecer dali para frente!... Fui tirado do veiculo qual um boneco de pano. A cabeça sem equilíbrio próprio! As pernas trêmulas e desgovernadas; arrastavam-se como pedaços de madeiras inertes! Arrastado, pelos braços do pai, fui até o interior daquela farmácia onde encontravam algumas pessoas, além do farmacêutico.
                Era segunda feira, por volta das sete horas da manhã, aquele dia de desespero e angustia. Andei, não sei como, ainda aqueles poucos metros, como os últimos momentos de vida neste mundo, ainda fazendo o impossível para continuar vivendo... Uma terrível agonia!... Estava no profundo inferno e submerso no seio das trevas de um infinito poço. Estava enterrado vivo nas profundezas da terra?! Tudo não mais era apreciado por mim! Ou seja, nada mais tinha o menor sentido para minha pessoa. Estava prestes a ser vencido pelo inconsciente... Mesmo assim uma força continuava a residir, teimosamente, em meu coração que persistia em permanecer lutando contra a maior vilã da existência, a morte! Batalhava sozinho mesmo sem ter a cooperação do resto do corpo que queria tombar...
                Mas, o momento havia chegado?!... Seria a vida ou a morte? Tudo ou nada? Aos quinze anos e nove meses, um moço desaparecia deste mundo para sempre, muito embora estivesse lutando contra a má sorte até aquele instante, seria levado pela falta de cuidados médicos? Por que merecia mesmo um castigo desses? Ou era minha sina?
                Fosse de quem fosse! Realmente era uma imprudência muito grande que me fazia jazer prematuramente... Estava claro.
                Espantando!... O pobre farmacêutico ao ver aquelas senas em sua frente se assustou muito e disse, eu ainda o consegui ouvir... Pela ultima vez a voz humana entrou nos meus ouvidos tão fraca, penetrando em minha mente inflamada... Disse o farmacêutico:
      Não! Meu Deus! Não posso fazer mais nada! Corra, e de pressa, leve-o para o pronto socorro já! É urgente! O moço está a um passo da morte! Poderá não chegar lá com vida mais! Corram! Ele vai morrer! Irei ligar par o Dr. Natal agora mesmo...
                Agindo rápido, aquele profissional da saúde, tenta salvar minha vida o quanto antes que seja tarde demais! Ligou para o medico e contou tudo o que estava acontecendo em sua farmácia. Foi preparada toda a equipe do hospital São Paulo para receber um corpo desfalecido, preste a sucumbir deste universo.
                Ali mesmo, lá dentro daquela farmácia...! Minhas pernas... Há! Meu Deus! Minhas pernas de pano finalmente se desintegraram! Desfizeram-se em nada!  Como morto, fui de encontro ao chão gelado. Segurado pelas mãos calejadas de meu pai, caí desfalecido. Finalmente meu fim chegara!
                Já não mais podia conter-me, não houve mais forças em meu físico para suportar o empurrão e o golpe traiçoeiros da morte?! Ainda que lutasse com toda a fé e esperança que alguém possa ter, contra a própria fraqueza que me matavam há dias. Era uma agonia interminável!
                Tinha suportado até ali, mesmo sem domínio próprio e sem ver mais a luz deste mundo, mantinha-me vivo por dentro com uma fé tão imensa em Maria Santíssima! Não via mais meus irmãos e ninguém mais... Numa palavra, estava cego, não enxergava mais nada desta vida!
                Agora, depois de uma agonia tão penosa, caí fulminado pelas doenças que me destruíam sem piedade ou dó! Foi diagnosticado sarampo preto, pneumonia profunda e inicio de meningite. A febre de 40º e 10 décimos.
                Estava só pele e osso...! Febre intensa... Convulsões, tosse, dores terríveis na cabeça... As vistas apagadas por uma insuportável dor ocular. O cérebro estava todo cheio de feridas e... Realmente era uma desgraça total!
                Ao chegar ao Pronto Atendimento Médico, o Dr. Natal e suas enfermeiras estavam sob expectativas. Fui levado de imediato ao tratamento intensivo. A equipe do Hospital se viu numa guerra crucial contra o tempo e... Tinham que defender aquele resto de vida com unhas e dentes, se pode assim se dizer! Enquanto aquele médico procurava de alguma forma reanimar aquele coração torpedeado, uma enfermeira lutava para puxar a língua que havia se enrolado para dentro da garganta. Ela usava de todos os artifícios e meios para manter a respiração, estava sendo bloqueada pela língua enrolada...
                Não conseguiam trazer a língua de volta ao seu lugar! E era uma batalha em volta da mesa na sala de emergência...
- Não tem mais jeito, murmurou a enfermeira!
- Não garanto mais nada, disse o médico chefe... Desespero, naqueles instantes, dominava aquelas pessoas presentes ao espetáculo tenebroso. Especialmente a equipe que atendia ao paciente. Que espetáculo triste e medonho, presenciaram!
                Será que valeu a pena lutar tanto para não morrer? Não foi tudo em vão o que fiz para suportar as dores, os tormentos e a angustia? E minhas devoções para com a Virgem Maria? Para que serviram? Será que ela se fez surda? Será que ela não quer mais saber de me ouvir? Logo eu que tanto a amo! Tanto a respeito e...! Onde ela está nestas minhas horas de agrura, penúria e tormentos?
                Oh! Virgem Maria! Onde estás, minha Mãe Celeste? A Senhora que sempre foi a minha protetora, agora fugiu de mim, bem agora nos meus dias de dor e tormentos?! Eu que tanto te amei e reverenciei, para hoje cair morto, desamparado, jogado como o joio dentro da fornalha mortal eterna?!
                Oh! Minha Padroeira! Se ao menos te enxergasse noutra galáxia...! Se soubesse aonde te escondestes para não ver minha desgraça e dor! Meu martírio te fez me abandonar?! Onde estás? Aonde fostes, oh minha Santa de Deus?! Socorro! Socorro! Não...! Não... Não suporto mais viver neste corpo que qual molambo tende a desintegrar-se pela doença, não sem a tua presença Santa...
                Adeus! Adeus, devoto da fé! Não valeu o teu esforço para continuar vivendo, pois o teu fim já é chegado...
                E assim, que fiquem todos sabendo isto: “Mesmo sem o saber do Cérebro, com o corpo entregue aos tormentos da morte, meu espírito teimava em não sair dele”.
                Um grande sofrimento se abateu sobre mim e, muito mais tenebroso do que antes! É que agora, com o meu corpo caído por terra, meus olhos fechados... Minha boca cerrada... Minha língua enrolada.... Meus ouvidos surdos... Meu cérebro paralisado e meu coração...! Tudo finalmente chegou ao seu fim. Tudo esta acabado para o meu vaso...!
                As ultimas vozes que ouvi na farmácia e no trajeto até o hospital foram se desfazendo no tempo! Fico preso no meio de uma carne praticamente morta! Sair?! Sei que um dia terei que sair, mas não será agora! Pois ainda que cumprir minha missão nesta terra. Estou certo.
                A luta é renhida e encarniçada! Um véu negro, com uma figura de uma lua cheia muito estranha por trás, procura de todas as formas me levarem para o alem! Começa uma batalha espiritual para suster a vida material. Sei que no mundo, lá do outro lado da vida, estão meus irmãos, meus pais e amigos chorando por mim, que agora estou no sheol das profundezas agonizante...



*** *** ***






MINHA SEGUNDA VIDA;

CAPITULO IV.

                Olhei para o tempo e vi uma nova chance e um novo amanhecer. Era 22 de janeiro de 1981. Cinco horas da manhã daquele novo dia. Era tudo novo!
                Qual é a mãe que dá a luz duas vezes ao mesmo filho? Isso seria impossível aos olhos cegos dos ignorantes. Mesmo que os pássaros virassem peixes e as pedras em flores, isso seria impossível aquém nunca foi crente!
                Por conseguinte, a minha mãe teve esta felicidade, como tantas outras já a tiveram, de me ter novamente com ela! Podem crer. Renasci em 22 de janeiro de 1981.
                Onde só havia trevas e muito desconsolo, raiou uma luz de esperanças e grande confiança. Vindo lá do alto céu uma moça loura de longos cabelos cacheados e de olhos azuis, chegava rodopiando, descendo e se aproximava de meu amordaçado rosto em meu leito de dor e febril tormento... Seus cabelos me acariciavam, qual a brisa da madrugada perfumada, trazia-me um profundo alivio sem igual. Seu olhar, de amor e carinho, me fitava com profunda e imensa compaixão... Haviam sido aqueles mesmos olhos tão meigos e singelos que anteriormente me contemplado caindo no despenhadeiro, no abismo imenso do coma, em que permaneço até agora?! Sem duvida. Aquela linda mulher vinha me trazer o alivio só que, da mesma forma misteriosa que se aproximava do meu leito, se ia novamente para o alem! Muito linda era a minha heroína. Penas eu nunca mais a ter visto novamente! Queria tanto a abraçá-la e beijar-lhe o rosto belo e singelo...! Mas...
                Nova esperança estou sentindo! Meu Deus do Céu! Como eu vim parar aqui em mundo, aonde não vejo ninguém que possa conhecer ou lembrar-me dos seus rostos! Só estranhas criaturas me vigiaram até então?! Exceto a moça de cabelos loiros...! Só ouço vozes estranhas?! Agora mesmo um serviço de alto-falantes com uma voz d’uma diaba convida as pessoas para uma grande festa no inferno... Seria uma comemoração? De quê? Seria uma festa de triunfo? Uma cerimônia do quê está prevista lá no inferno?! Fico muito furioso por este anuncio dado! Será que o povo terá a coragem de ir lá a tal festança?! O som é cada vez mais ensurdecedor e insuportável! Não agüento mais! Paaaaarem!!!... Parem com isso!
- O que foi meu filho?
- Onde estou?
- Você está aqui no hospital... E estou ao teu lado! Não tenha medo.
                Hospital?! O que é isso? Minha mente não me ajudava em nada! E eu não sabia mais o que era um hospital e nem tão pouco o que era se ter um pai ao lado ou quem quer que fosse!
                Acordei de um sono muito longo e tenebroso e... As palavras que acabei de ouvir, pedindo calma e dizendo estar do meu lado era de meu pai. Finalmente consegui voltar do mundo do alem...?! Mas não tinha nenhuma força em mim mesmo. Se não fosse aquela misteriosa mulher linda e carinhosa eu... Teria ficado para sempre longe deste mundo.
                Era 22 de janeiro de 1981, dia em que novamente eu voltava a esta vida. Tive um longo período de estadia em outros lugares que jamais consegui saber onde ficam se é que existem aqui nesta terra! Falei com pessoas que nunca mais as vi, e que, acredito, não vivem mais neste mundo. Vi coisas que ninguém é capaz de acreditar! Principalmente aqueles que não crêem nos santos de meu Deus e em minha Santa Protetora, Virgem Maria Santíssima, jamais irão entender e me escutarem!
                Pois se hoje estou aqui falando com o mundo é graças à fé que tenho e que tiveram os meus pais! Se posso cantar vitórias, devo ela também ao Santo Bispo Coutinho, que hoje está morando com Deus, que muito me consolava com suas palavras de amor, carinho, vida e esperança.
Era o Santo Bispo Coutinho que tinha um mistério na voz que, quando estava falando todas as tardes pelo radio. E estava a minha saúde em jogo e eu me punha de joelhos, muito embora sem forças para andar, mas tendo tanta fé naqueles conselhos sábios do Sacerdote querido que consegui ver sair junto com sua linda voz uma forma de fumaça, uma espécie de nuvem branca. Uma brisa muito suave e refrescante... Junto saia um alivio tão profundo e perenemente suave e extremo que eu não sentia mais nada durante aqueles instantes das orações! Só não sarei logo, por que Deus queria uma prova, tanto para mim mesmo, quanto para meus pais, parentes e amigos! E, é claro, para tantos quantos lêem este livro, entendendo e apreciando tudo o que relato aqui e tudo que passei nesta minha vida.
                Foi um desespero muito grande e desastroso para minha família, aparentemente tudo havia se acabado ali! Fui levado, naquela manhã de segunda feira, para a farmácia pelo meu pai, para tomar outras injeções alem das do dia anterior. Quando estava entrando na farmácia, desespero...! Fui caindo ao chão fulminado pela gravidade das doenças que me destruíam vorazmente sem piedade. Levaram-me às pressas dali para um hospital. Lá o medico, Dr. Natal, com sua equipe, fez o pode para me fazer voltar a viver!
                Foi um dia todo sem a mínima chance de vida. Isto é, sem nenhuma esperança de reabilitação vital! As enfermeiras, preocupadas, corriam desesperadas de um lado para o outro, buscando auxiliar o medico responsável que, com seus olhos ansiosos, buscava de alguma forma me trazer de volta a vida.
            Horas tristes e amargas, passou meu pai! Ele não saiu, minuto algum, do meu lado! Mesmo que nunca mais me tivesse de volta, ele estava decidido a presenciar toda aquela sena e trágico momento de nossa família.
                Em nossa casa, grande expectativa, minha mãe ainda muito doente, junto com os meus irmãos e irmãs, aguardava ansiosa a que estaria acontecendo! Tínhamos saído de manhã cedinho, assim que o sol raiou, e já era tarde, o sol já se punha no horizonte cinzento e, nada de ouvir-se o ronco do motor de nosso carro voltando da cidade trazendo-nos para casa?! Ela olhava preocupada para a estrada, porem nada de ver-nos voltando.
                Agora a noite chegava. Um carro surge ao longe. Vinha com um ronco muito estranho?! Parecia que o carro já dizia o que estava acontecendo... Suas luzes acesas estavam vermelhas e indicavam lagrimas de dor! Olhando bem firme naqueles faróis pálidos avermelhados, minha mãe entendeu tudo!
                Nossa moradia estava distante da rodovia uns 70 metros. Havia duas porteiras para se chegar ao quintal. Em pé na porta da frente, minha mãe observava o carro fazer manobras e ficar virado para trás. Isto é, no sentido da cidade. Ao invés daquela sena de manhã, um corpo esquelético sendo levado de arrasto pelo pai... Agora uma figura toda desconsolada, errante, embriagada pela apreensão, exausta e trazendo as roupas e cobertores de um ser ausente deste mundo, sai do carro e se dirige rumo a casa. Andando de maneira estranha, chega, entra, não diz uma só palavra, joga tudo no chão e...
                - O que está havendo, pergunta minha mãe. Cadê meu filho? O que aconteceu com ele?
                Aquele homem tão sistemático, nervoso e bravo, agora com o olhar vago e cheio de tristeza encara a esposa e diz com palavras embargadas pela agonia:
                - É...! Não sei se vamos ter ele de volta conosco mais uma vez! E continuou a relatar: - Nosso filho não está nem vivo e nem morto! Foi um dia de luta para a equipe medica que o atendeu! As enfermeiras tentaram durante todo o tempo reanima-lo, inutilmente! É verdade que obteve uma pequena melhora, mas a febre de 40 graus e 10 décimos é constante! Não deu trégua durante todo o dia.
                As lagrimas desciam no rosto de todos. Minha irmã mais velha chorava desesperada, pensava que eu havia morrido... Os nossos patrões foram avisados. Os visinhos, enfim, toda a redondeza ficou sabendo somente depois que meu pai voltara à noite. Menos os meus avós e tios. Havia intrigas entre meu pai e meu avô materno e, por isso coisas mais, não ficaram sabendo de nada a respeito daquele episódio comigo.
                Assim que souberam, os nossos patrões foram imediatamente, naquela mesma noite, até o Hospital falar com o medico responsável. O Dr. Natal havia dito para o meu pai que não garantia mais nada de minha vida, pois dada a gravidade das doenças e o estágio avançado em que estavam minha vida corria serio risco. Numa palavra, era irreversível. Poderia morrer mesmo em poucas horas. Os patrões pediram ao medico que me liberasse que eles iriam buscar recursos numa cidade de maior e melhor aparato medicinal. Foi ai que tudo entrou mesmo no jogo!  Dada a minha situação de coma, a falta de recursos e estrutura medica naquela unidade de saúde, a distancia para onde me levariam! Tudo se voltava contra os meus poucos instantes de vida. A minha situação não permitiria o translado em automóvel algum até outra cidade, por mais perto que fosse! Não havia UTI móvel naquela cidade e nem nas vizinhas. Era sair dali e o coração parar mesmo de uma vez! Para Deus tanto faz um Hospital quanto outro! Um médico, ou outro! Não existe nada impossível ao Soberano Criador. No obstante, quando ele deseja provar alguém, qualquer médico serve para se dar a saúde e a vida para uma pessoa de bom coração e de espírito humilde. Era o meu caso! Não que o médico não fosse um bom profissional! Longe disso, era ótimo! O Dr. Natal foi um médico muito inteligente e devo minha vida a ele. É claro, em primeiro lugar a Deus e a minha Santa Padroeira e Mãezinha Celestial.
                Depois de ouvir tudo a respeito de minha triste situação, minha mãe teve uma terrível recaída e, meus irmãos tiveram que ver, além de mim, agora nossa mãe também caída numa cama sem mais forças para se levantar. Quando meu pai chegou em casa no outro dia já tarde, depois de ter passado a noite toda acordado na beira daquele leito do hospital de vigília, um complemento do dia que entrei em coma, chega em casa e tem o desgosto de achar a casa toda desarrumada! As crianças menores brincando, as mais velhas moribundas pelos cantos da casa e a mãe de cama novamente! Para seu espanto, ela estava ainda pior! Não tinha forças para mais nada! Então foi logo dizendo:
                - Vou encher o hospital com gente de casa!
                O sarampo havia pegado de nossa casa, naqueles dias, menos ele, o pai! Meus irmãos menores, devido ao meu estado de coma naquele hospital, também apresentavam uma queda na saúde. Mais era o emocional que, como haviam ficado fracos com a doença, agora com tristeza de me verem entre a morte e a vida também sofreram as conseqüências. Porem, como o pai estava vivendo uma das mais tristes e amargas horas de toda a sua vida, achava que de repente se veria com todos os filhos e esposa em um hospital.  
 O certo é que recebi um grande milagre quando ainda esta na adolescencia. Com apenas quinze anos a morte quase me levou.
Minha familia vivia atormentada, por que meus pais não se entendiam. Qualquer coisa era motivos para discutirem. Meu pai que havia decidido seguir a Igreja Apostolica primeiro que minha mãe, tinha as suas dificuldades na vida. Minha mãe era muito agitada e nervosa e daí tudo começava.
Ficou provado para minha familia o poder da Direção da Igreja Apostolica e da Santa Vó Rosa e bem como da vIrgem Maria em salvarem vidas, quando me resgataram da morte.
Eu não tenho palavras para agradecer aos tres Diretores desta Igreja Apostolica, Santo Irmão Aldo, Santo Bispo Eurico que foi morar com Deus em 1984, portanto a tres anos depois destes fatos. E não posso me esquecer da Santa Missionaria Odete. Devo todo o meu conhecimento de doutrina e disciplina aquela Santa Mãezinha querida, que tambem foi morar com Deus a pouco tempo. Numa palavra, devo a minha vida a esta Igreja Apostolica e à sua Santa Direção que tudo fizeram e fazem para me ajudarem. Para sempre serei grato a minha Igreja Apostolica e dela jamais sairei. Viverei nela, dela e para ela, custe o que custar.

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